Manifesto

Teológico

Índice

Deus existe e é espírito

O pior cego é o que não quer ver,   1

Deus criou o mundo material,  1

Dentro do mundo, Deus criou a vida,  3

Atente-se no livre-arbítrio,  5

Como é Deus?

O espírito precede a matéria,  6

Deus não se oculta,  7

Trindade ou pluralidade?,  8

O Pai e o Filho,  9

Deus tem um plano para si mesmo

O propósito divino,  11

O plano divino não é brincadeira,  12

O processo da consciência,  13

Depuração das almas,  14

O mal, necessário, é mitigado,  15

O plano pessoal dentro do plano divino

O ciclo da alma,  16

Consistência,  17

Elevação,  19

Uma sociedade sem Deus presente é inviável,  21

Conclusão

 

 

 

Cadernos do

principal@eternalismo-cristao.com

1ª versão –  Maio de 2023

 

 

 

 

Deus existe e é espírito

O pior cego é o que não quer ver

Proclamou Jesus: -- Abençoados os que acreditam sem ver. -- Mas foi porque Tomé, não O tendo visto ressuscitado, lhe havia visto os milagres. Também terá dito: -- Pobres dos que, embora vendo (ou tendo visto) não acreditam.

E há os cegos a guiar cegos, os que, fazendo-se passar por cientistas, guiam os que da ciência não têm ideia nenhuma.

Eu sou dos que, vendo, acreditam, feliz por ver, feliz por crer. Para trás filosofias, fiquemos pelos factos. Deus os semeou, basta colhê-los!

Deus criou o mundo material

Quem mais poderia criar o mundo material senão uma entidade não material e omnipotente? Se o Criador fosse material, quem teria criado o criador e assim sucessivamente?

Que sim e que não, esbracejam os filósofos. O Omnisciente – pois que não há omnipotência criativa sem omnisciência -- antevendo a perplexidade, ao criar o mundo deixou assinatura legível.

São, ao menos três, as coincidências no sistema solar.

Uma, proporciona perfeita proporcionalidade entre os diâmetros do Sol e da Lua (400x) e as suas distâncias à Terra (400x). É o que torna tão surpreendente o eclipse total do Sol, pela Lua. Esta coincidência toma a Terra como centro.

Outras duas coincidências, elegantíssimas pela sua simplicidade e semelhança, relacionam o tamanho das órbitas de planetas – dois a dois -- os mais próximos da Terra e, portanto, mais visíveis.

Numa das coincidências, reúnem-se três circunferências tangentes; na noutra, são quatro as circunferências tangentes. Na primeira, a órbita de Mercúrio passa pelos centros e a órbita de Vénus é tangente, por fora, às referidas três circunferências.

Na segunda coincidência, é a órbita de Júpiter que passa pelo centro das quatro circunferências enquanto a órbita de Marte lhes é tangente mas por dentro.

Quereis outras provas, senhores filósofos do ateísmo? Pois se estas não vos bastam, outras vos seriam inúteis. E vós, supostos arautos de Deus – os de todas as confissões -- porque não proclamais tão reveladoras, piedosas e graciosas evidências do Criador?

E, já agora, que falamos de astronomia, atentai na imensidade do universo para terdes uma ideia da potência inaudita desse Criador do mundo da matéria.

Dentro do mundo, Deus criou a vida

Não são, a perfeição, variedade e beleza dos seres vivos, suficientes sinais (indícios não probantes) da criação divina dentro da criação divina? Aves e flores cuja beleza excede o “indispensável,” frutos cujo alimento excede a conveniência da árvore...

Disse Jesus: -- Nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como um desses lírios. Se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã será lançada ao fogo, como não fará muito mais por vós!

Não surpreende a exacta adequação da geofísica à vida biológica? Surpreende! Foi de tal surpresa e encantamento que surgiu, em todos os povos, a religião.

Mas vieram tempos -- os actuais -- em que, encerrados no estreito e escuro horizonte da cidade, privados das estrelas, das aves e das flores, entretidos no usufruto das coisas, vaidosos de uma suposta ciência de que não participam e que, por isso, os engana, os povos se esqueceram do divino.

Foi neste tempo, de descrença organizada, no tempo certo, como sempre, que a ciência volta a encontrar-se com a demonstração divina. É descoberto o ADN, a confirmar a extrema complexidade da engenharia da vida.

Sem ADN não há vida! O ADN é um extensíssimo programa informático que acompanha cada célula e lhe determina as estruturas que a configuram e os processos que nela ocorrem. O ADN possui milhares de unidades moleculares – bases nitrogenadas -- que se encadeiam segundo uma ordem certa “penduradas” numa cadeia de açucares unidos pelo grupo funcional fosfato.

 

A probabilidade de o ADN surgir por acaso é nula, tanto mais que tem de formar-se de uma só vez e imediatamente; de outro modo, enquanto se formasse, ao mesmo tempo se degradaria. O ADN só subsiste dentro da célula, dentro da célula dentro do núcleo, dentro do núcleo “empacotado” nos cromossomas. Ora, estas três protecções são programadas pelo próprio ADN... É a galinha e o ovo! É Deus!

É isto difícil de perceber?

Ridículo o desespero do ateu, que tudo quer atribuir ao acaso; confrangedora a ignorância dos acólitos que voltam as costas a mais uma prova do Deus presente, a  qual este fez desvendar, providencialmente, no tempo certo, em 1953.

Atente-se no livre-arbítrio

É uma experiência que todos partilhamos inúmeras vezes ao longo de cada dia. Seja a escolha motivada ou indiferente, tem o mesmo valor demonstrativo, basta que nos detenhamos a apreciar a liberdade absoluta que há nessa escolha – seja a de um gesto, a de uma palavra, a de um pensamento. Mais segura evidência não pode haver. E, no entanto, querem convencer-te, os ateus, de que o livre-arbítrio é ilusório, de que, afinal, somos todos robots. Querem que desconfiemos do que é evidente para confiarmos nas especulações gratuitas desses “cientistas” de trazer por casa que sentem perdida a batalha de te afastar de Deus.

O mundo material é determinado, segue um curso inexorável que fórmulas matemáticas explicam – as da mecânica, da electricidade, da química.

Sempre que o curso das coisas depender da vontade, da intenção, do capricho que se manifesta numa escolha – outro curso seria possível -- temos espírito, temos um certo modo de criação ainda que humilde.

Ao elemento espiritual por detrás das nossas escolhas chamamos alma.

Que tem o livre-arbítrio a ver com Deus? Como Deus – criador do mundo e, no mundo, criador da vida -- também é espírito, é de concluir que a alma é parte de Deus. Afirmou Jesus: -- O reino de Deus não vem de maneira observável. As pessoas não afirmarão “Ei-lo aqui” ou “ei-lo ali” pois o reino de Deus está dentro de vós.

Este facto, tão singelo e tão claro, não é devidamente apreciado pelos acólitos das religiões. Tratam a alma sem cerimónia, confundem a preciosa alma com o vulgar indivíduo em que encarnou. É este indivíduo terreno, eles mesmos, que os preocupa, que querem contrabandear, inteiro e à viva força, para o espírito. A confusão compreende-se pois que a alma recebe, naturalmente, a marca do seu portador. Disso falaremos daqui a pouco.

Como é Deus?

O espírito precede a matéria

Como vimos, o Espírito é a substância que, distinta da matéria, é capaz de a criar, dominar e dirigir com inteligência. Tal como chamamos alma ao fragmento do espírito que nos move, chamamos Deus à totalidade espiritual, incluídas as almas.

De Deus é fácil enumerar os atributos gerais de omnipotência, omnisciência e omnipresença.

De facto, a criação de Deus que se nos apresenta, o universo material, caracteriza-se pela infinita vastidão do espaço e do tempo e pela imensa potência do que aí ocorre.

Espantoso o seu perfeito ordenamento e simplicidade , tornando tal criação acessível à ciência humana.

Os cientistas mencionam a sintonia fina (fine tuning) das grandezas físicas. Se uma qualquer dessas grandezas – por exemplo, a carga do electrão -- tivesse um valor ligeirissimamente diferente, nem o universo existiria ou, existindo, não se verificariam as condições que permitem a vida biológica.

Notar que as características do universo não demonstram a sua autoria divina, embora a indiciem. O que demonstra a espantosa autoria divina é a assinatura que Deus, piedosamente, quis deixar pelas coincidências astronómicas referidas atrás.

Deus não se oculta

Deus transige em manifestar-se de forma explícita, para além da sua demonstração criativa. Ou dirige-se a todos – vimos as coincidências astronómicas -- ou presenteia este ou aquele com revelações místicas, este e aquele, com milagres que falam por si. Mas como este texto é dedicado aos indiferentes e aos ateus, até a presença divina, personalizada e persuasiva, em Jesus passaremos em claro.

Não sem lembrar que as revelações místicas – acompanhadas ou não de manifestações físicas -- não são raras e que, de modo geral, são mal acolhidas pelas hierarquias religiosas. Santa Teresa de Ávila, mística do séc. XVI – O Castelo Interior – e o Padre Pio, grande taumaturgo do séc. XX, foram incomodados. As aparições mais espectaculares da Mãe de Jesus – Zeitoun, no Cairo; Garabandal no norte de Espanha – têm sido ignoradas. Inútil continuar...

As experiências de quase morte, EQM – que, mais adequadamente, deveriam designar-se por experiências de morte revertida pois que quase todos os seus protagonistas estavam tecnicamente mortos quando experimentaram o plano espiritual – são, ao mesmo tempo, milagre clínico e experiência mística. São inúmeras – quase todos temos um familiar ou amigo que testemunha – e estão perfeitamente documentadas.

Terão sido as experiências fora do corpo – das quais as mais notáveis e frequentes são as EQM -- mais do que a observação do mundo, que ao longo de milénios alimentaram a crença, comum a todos os povos, de um plano sobrenatural povoado por anjos e dirigido por Deus? O detalhe da pintura de Hieronymus Bosch, Ascensão dos Abençoados, 1505, ilustra um detalhe presente em muitas EQM, o túnel de luz que conduz às portas do Paraíso.

Deus mostra-se muito às suas criaturas mas pouco fala de Si. Falou por meio de Jesus, não tanto de si mas do que esperava de nós. E, no entanto, conhecer Deus por dentro poderia ajudar-nos a perceber os seus propósitos e, assim, a torná-los os nossos.

Trindade ou pluralidade?

A partir das suas manifestações, algo de muito sumário – mas o suficiente para obter orientação essencial – se pode conhecer de Deus. Conhecer Deus por dentro é vislumbrar-lhe uma estrutura. O conceito do Deus triúno foi inovação do cristianismo inspirada por Jesus: – Eu estou neles e Tu (o Pai) em mim, para que eles atinjam a completude em um.

Citando alguém:

As pessoas (da Trindade) são modos de existência, centros de consciência, na essência do Ser. De alguma forma, o ser de Deus é tão maior que o nosso que dentro de seu ser único e indiviso pode haver um desdobramento em relacionamentos interpessoais, de modo que pode haver três pessoas distintas.

Deus é espírito, todo o espírito. A alma é espírito, logo, a alma é parte de Deus. Ser parte não subtrai, acrescenta as propriedades da parte ao próprio do todo.

A questão mais controversa reside no Espírito Santo, uma pessoa que não fala. Onde encaixa a multidão dos anjos? E as almas? E a Mãe de Jesus, Rainha do Céu? E, eventualmente, muitas outras entidades espirituais de que não estamos cientes? Ao menos, de Maria, Mãe de Jesus, podemos estar cientes tantas têm sido as suas aparições ao longo dos séculos. Quantas pessoas há em Deus, afinal? Inúmeras!

O Espírito Santo não é, afinal, uma pessoa, é o “material” de que Deus é feito. Falar no espírito de Deus é redundante e impróprio pois Deus é espírito e todo o espírito está em Deus.

As inúmeras entidades no Espírito (Santo de Deus) resultariam da generosa e sucessiva partição de Deus até ao limite inferior da alma. Entre aquelas entidades existirá, se assim for, uma hierarquia  natural. Tal hierarquia, que não é imposta, manifesta-se, em cada entidade espiritual, pela amplitude (do contexto) da sua liberdade e pela intensidade e certeza do amor que move a sua vontade (ver a seguir).

Note-se que cada partição não anula a entidade espiritual partida, tal como um ser vivo é composto de órgãos, estes, de tecidos, estes, de células e, estas, de organelos. Todas estas entidades vivem em plena liberdade, no contexto próprio de cada uma.

 O que é prodigioso no ser divino é que as entidades espirituais que o constituem são dotadas de consciência inteligente. É prodigioso porque da consciência surge a vontade sendo que tais vontades, permanecendo livres, estão em harmonia.

O Pai e o Filho

O Pai é a vontade una de Deus, o criador de si mesmo, o ponto de convergência do espírito, o Sol espiritual. É o Pai que estabelece as duas leis naturais do espírito a que obedecem todas as suas entidades, desde os anjos superiores às humildes almas:

 – Pela sua generosidade, outorga, como impulso, a liberdade – independência das vontades -- às entidades espirituais. O livre arbítrio das almas é suficiente demonstração.

– Pela sua centralidade, determina, como orientação permanente do impulso livre, o instinto do amor. Notar que a aproximação ao centro paterno redunda em mútua atracção. Só o amor garante a permanência de uma estrutura, ainda mais, constituída por entidades dotadas de vontade própria. Pelo contrário, o desamor, a indiferença, determinam a dissolução do conjunto.

A matéria distingue-se do espírito em que está organizada por forças atractivas e repulsivas, em número e intensidade igual, sujeitas à mesma lei do inverso das distâncias. No entanto, também no mundo material domina a atracção, como se demonstra facilmente. Tal é a absoluta competência do Criador.

O Filho é identificado a Jesus Cristo. O Evangelho não será demonstração da existência do Filho. Mas a sublimidade da narrativa, a sua riqueza e lógica subtil e certa, encantam, comovem, inspiram, convencem. Consideremos então o Filho como entidade primeira, depois do Pai. Especulemos:

Jesus é o agente do Pai no mundo material. Não vemos o Pai mas vimos e ouvimos Jesus.

Jesus gritou alto e disse: – Quem crê em mim não crê em mim mas n’Aquele que me enviou; quem me vê está vendo Quem me mandou. Eu vim como luz para o mundo para que todo aquele que crê em mim não permaneça na escuridão. Se alguém ouve as minhas palavras e não as observa, eu não o julgo. Não vim para julgar o mundo mas para salvar o mundo. Porque eu não falo por mim próprio, mas o Pai que me enviou deu-me o mandamento sobre o que direi e falarei. Portanto, as coisas que eu digo, conforme me disse o Pai assim as digo.

 Jesus é a única entidade espiritual que compreende o Pai. Enquanto o Pai estabelece o Plano, o Filho exerce-o. O Pai é garante de permanência, o Filho é agente e administrador da grande transformação que tem por instrumento o mundo material.

O Pai estabelece as duas leis – a da Liberdade e a do Amor, -- o Filho acrescenta-lhes, como veremos, a regra do Conhecimento.

Tal como o instinto do amor se opõe à dissolução, o conhecimento é a faculdade que se opõe ao caos no exercício da liberdade, ainda mais, quando tal exercício é criativo. Postulamos que a criação da vida biológica e o seu sustento, bem como a orientação das almas e o destino das pessoas estão sob a alçada de Jesus, o Filho.

Precaução: notar que “transformação” é um termo humano. Não significa que Deus se transforme pois que ele mesmo é a transformação. Deus está fora do tempo. Se criou o tempo foi para orientação das suas criaturas. Apreendemos Deus pelas oportunas evidências que nos oferece de Si mas não poderemos nunca compreendê-lo.

Deus tem um plano para si mesmo

O propósito divino

Clamam os ateus: -- Porque haveria Deus de nos criar, porque permitiria o mal, porque acrescentaria ao mal, que poderia evitar, o castigo eterno das suas imperfeitas criaturas, das suas tão transientes criaturas? -- Nisto, apenas ecoam a estultícia da maioria dos crentes. O plano divino serve Deus e não os humanos, serve o Criador e não as criaturas. O carpinteiro usa a madeira para fazer a mesa e não a mesa para satisfazer a madeira.

O plano divino não é, para Deus, marginal ou secundário; Deus enviou o seu filho para salvar o mundo não para o julgar. É o que faz o bom carpinteiro, aproveita o material que reuniu, não o deita fora. Vejamos qual poderá ser o plano divino e porque é o mundo material seu tão importante recurso.

Na confluência da matéria e do espírito está a alma já que esta encarna num indivíduo e com este se confunde tornando-se e tornando-o pessoa. É de suspeitar que as almas sejam o primeiro objecto do plano divino.

Devido à incarnação, isto é, à sua experiência do mundo material, as almas adquirem consciência de si em si.

A consciência de si em si acorda a individualidade e força a vontade própria. Tal vontade adquire sentido perante as circunstâncias materiais mediante o conhecimento objectivo, isto é, o conhecimento do que é externo ao próprio.

Através destas faculdades, a alma está apta a desenvolver processos criativos que a tornam similar ao Criador. Eis a finalidade do plano divino! Tal é a generosidade do Criador, cumular os seus filhos!

O plano divino não é brincadeira

No início, as entidades espirituais apenas possuíam consciência de si em Deus. Consciência meramente subjectiva, liberdade apenas em potência, amor como instinto inevitável.

O mundo espiritual, tal como se apresenta “hoje,” é já resultado do exercício de inúmeras almas no reino da matéria. O exercício da consciência de si em si, como qualquer exercício, comporta perigos:

– o amor, continuando instinto, deixa de ser inevitável, as pessoas podem ser más. Outras pessoas, pelo contrário, praticam o amor esforçadamente; o que era apenas instinto espiritual, evolui em respeito, desvelo e encanto.

– a liberdade, continuando potência, pode render-se a vontades alheias curto-circuitando o plano divino. Outras pessoas, pelo contrário, exercem a liberdade com coragem e convicção; o que era potência transforma-se em obra.

Ao desincarnar, as almas, depois de sofrerem um processo de “limpeza,” – o chamado purgatório – são, de novo, incorporadas na hierarquia espiritual, influenciando as suas entidades a partir de baixo para cima.

Ter em conta que as entidades que partilham da inteireza do Pai, Jesus e Maria, não são transformadas pela renovação espiritual induzida pelas almas. Eles são os seus mentores e administradores.

Podemos visualizar o plano divino por um esquema elementaríssimo:

O processo da consciência

A consciência – de si em si – são dois que se reconhecem o mesmo, a falar um com o outro sobre algo.

O algo é o mundo objectivo. Os dois obtêm-se pela permanência dos tempos cronológicos; o eu do presente fala com o eu do passado enquanto ouve o eu do futuro.

A eternidade dos tempos cronológicos tem realidade física. O passado permanece, o futuro já lá está. Não cabe aqui a demonstração do eternalismo; lembrar, ao menos, os inegáveis sonhos premonitórios. Atenção que a eternidade não é rígida; o incessante livre-arbítrio a modifica, é o vento que agita a superfície do oceano.

A consciência é um processo material tornado possível pela permanência dos tempos cronológicos. Imaginar uma cadeia de pessoas, são o tempo. A corrente da consciência é como um tijolo que é passado de mão em mão.

A vida espiritual experimenta outra dimensão do tempo. Em cada um dos seus instantes, as entidades espirituais podem aceder a todos os tempos cronológicos. Porém, tal acesso só é operacionalizado mediante o treino que as almas encarnadas fazem de um processo sequencial de causas a efeitos.

Que o espírito tem acesso a todos os tempos da eternidade é demonstrado pela certeza da providência divina. Certas “coincidências” providenciais, ainda que aparentemente poucos importantes, houveram de ser preparadas com enorme antecedência cronológica.

Depuração das almas

Durante a incarnação, as almas adquiriram feições aceitáveis e feições inaceitáveis, segundo as leis de Deus já referidas. Aquelas feições são preservadas, estas são eliminadas. A identidade do indivíduo que compõe a pessoa é tanto mais conservada quanto mais proveitosa houver sido a permanência terrena da alma.

Do criminoso nada se aproveitará pelo que pode esperar a extinção definitiva, a segunda morte, a morte no espírito. O processo depurativo é automático, não envolve deliberação ou juízo. É o que a lógica e o relato das experiências místicas sugerem – Santa Catarina de Génova, Tratado do Purgatório.

São de rejeitar todas as interpretações que confundem as almas com os indivíduos, quer as que condenam as almas quer as que atribuem importância fundamental ao eu terreno. O eu terreno tem elevada importância, mas instrumental. Proclamou Jesus:

-- Quem é a minha mãe e quem são os meus irmãos? – Estendendo a mão por cima dos presentes, disse: – Eis a minha mãe e os meus irmãos. Quem fizer a vontade do meu Pai nos céus, esse é meu irmão e irmã e mãe.

Estamos em crer que a reincarnação se faz necessária para que cada alma adquira estatura suficiente. Mas nada sabemos acerca da química das almas, se as almas valem por si ou se, agregadas por afinidade, compõem  uma entidade básica maior.

 Seja como for, a promoção das almas através da incarnação é, como atrás se lembrou, um processo melindroso e exigente.

O mal, necessário, é mitigado

Sem a consciência, exacta e inabalável, do Bem – liberdade, amor, conhecimento – as almas não podem satisfazer os requisitos da sua presença no espírito. Ora, é a experiência do mal que enraíza a convicção da indispensabilidade do Bem. O mal faz parte do exercício. O facto de vir sob tantas formas a tantos indivíduos desperta perplexidade. Mas Deus é que sabe.

E nós sabemos que Deus não fica indiferente ao sofrimento do mal. Ele – por intermédio de Jesus e Maria – exerce uma providência permanente, prevenindo e afeiçoando as circunstâncias da vida de cada pessoa. A ingratidão é fruto da distracção; meditasse cada um sobre a sua vida e identificaria as múltiplas graças e até milagres que foram permitindo que a sua pessoa houvesse airosamente chegado a onde chegou.

Quando lhe pedimos ou agradecemos – que é o nosso modo de falar com Deus – com insistência regular, com confiança segura e inteiro despojamento, quando mostramos compreender e adoptar o seu plano, Deus faz milagres na nossa vida.

Deus não abandonou o mundo depois de o criar. Ao automatismo material que a ciência vai desvendando, sobrepõem-se constantes intervenções sobrenaturais. Umas são excepcionais. Outras são permanentes e indispensáveis ao sustento da vida – orientando a embriogénese e assistindo a conformação certa das moléculas das proteínas --  assuntos que outros desenvolveram e que aqui não podemos retomar no seu detalhe.

Uma molécula proteica só é bioquimicamente efectiva se adoptar uma certa conformação. Ora, essa certa conformação é energeticamente equivalente a milhares de outras. Tivesse a proteína de a procurar por tentativa e erro ter-se-ia de aguardar uma infinidade de tempo, para o efeito.

O plano pessoal dentro do plano divino

O ciclo da alma

Diz-se que a vida é o lento preparativo da morte. Melhor será dizer que a vida é a breve, mas indispensável, preparação para a vida depois da morte. Sabemos, pelo eternalismo, que o passado ainda lá está, é a nossa consciência que viaja para o futuro. Mas a ilusão da sucessiva morte do passado – o nunca mais -- alimenta a saudade ou o alívio. São estes sentimentos fortes que transportamos para o espírito.

A mágoa, quando associada à saudade, equivale a arrependimento, reversão de um traço descuidado no desenho da alma. A alegria, quando associada ao alívio, acentua um traço acertado.

Socorramos-nos de uma analogia geométrica. A alma possui forma em si mesma e obtém conteúdo das experiências da pessoa onde incarnou. A matéria do conteúdo e a organização deste vão determinando alterações da forma da alma que o contém. O conteúdo é a objectividade, a forma envolvente é a subjectividade. Só a subjectividade é reconhecida pelo espírito. O propósito de cada incarnação é, por assim dizer, a escultura ou desenho da alma a partir do seu interior.

Se o espírito apenas acolhe a subjectividade, isto é, o contorno da alma, o conteúdo objectivo não fica perdido pois se encontra implícito nesse contorno.

Ao retornar ao espírito, a alma é, como se disse, recondicionada. A ponto de poder ter de apagar-se, inteiramente, as marcas deixadas pela encarnação pretérita e, com estas, a individualidade que a marcou. Tal apagar, a morte no espírito, suscita o pânico e desespero da entidade que se extingue. Talvez sejam essas entidades as “almas danadas” que surgem nos exorcismos. Recorde-se que não são as almas que são condenadas, mas a individualidade que as conformou e que nelas, provisoriamente, se enformou.

Consistência

Para que a incarnação haja valido a pena, a conformação da alma terá sido, rica, acentuada e espiritualmente aceitável. O conteúdo acumulado nas vivências pessoais deverá ter sido não apenas adequado e abundante mas, também, consistente. O elogio dos simples é oportuno desde que a simplicidade não redunde em pobreza experiencial.

Um eremita limita radicalmente as suas vivências, vive uma rotina ferozmente pobre; talvez se fique pela oração ou talvez suscite, em si, experiências místicas. Neste caso, talvez as possa descrever, oferecendo ao mundo o seu relato. A vida do eremita não contraria nem adianta o plano divino ou adianta-o pouco. A abstenção da vida equivale ao suicídio. Infelizmente, os que se equiparam a eremitas, os que vivem num ermo desolado, são multidão.

Um artesão que toda a vida elabora peças idênticas não é mais consistente mas é mais pobre que o artesão que percorre a variedade da sua arte. Mas tal artesão da monotonia é preferível ao diletante que percorre várias artes sem aprofundar nenhuma.

A mesma necessidade de consistência aplica-se a processos, seja qual for a natureza do seu conteúdo. É preferível um processo curto mas seguro que um processo longo mas incompleto ou inconsequente. Que o produto de cada processo sempre se traduza em obra. Consistência sempre, variedade na medida da capacidade.

Que as obras de cada um componham a obra maior da alma, a que virá ser depositada no espírito. Para tal, é indispensável viver num certo “estado de graça,” não perder o norte, sentir o alinhamento providencial das circunstâncias e nele existir com a possível perícia.

A vida no Antigo Regime era consistente. Poucas distracções, técnicas artesanais seculares aprendidas na prática, a ruralidade ao ritmo certo do ano, parcas utilidades domésticas. As possibilidades modernas introduziram uma enorme diversidade de coisas, de situações, de ideias, muito para lá da capacidade de integração do comum. Pior foi quanto se esvaiu a espiritualidade, integradora, ou o que tomava o seu lugar. Parte da diversidade foi organizada em profissões. A parte restante é uma amálgama onde os elementos valiosos – emocionais, morais, intelectuais e artísticos – se encontram misturados ou soterrados numa lixeira que os meios de comunicação unidireccional constantemente acrescentam e querem legitimar. Recupere-se o belo, que continua a brilhar entre o lixo.

Arriscar” é um termo em moda entre os que rejeitam a economia estatista e festejam a “economia privada” e o “mercado livre.” Porém, arriscar lembra jogo, incerteza, algo que aflige a própria providência divina. Esse “arriscar” demonstra ignorância do que são a economia privada e o mercado livre, os quais, justamente, se preferem.

A produção de bens e serviços tem de ser livre, criativa – em honrada obediência ao Criador e por este inspirada -- nunca condicionada nem emperrada por um ditador imbecil (passe o pleonasmo). Assim como é imperativo o mercado livre de bens e serviços; cada um tem de poder escolher, para si, o que lhe convém, sob sua responsabilidade.

Claro que o exercício da liberdade, na Terra como no Espírito, circunscreve-se ao âmbito legítimo de cada um (a sua propriedade) para que não fique ofendida a liberdade e a propriedade do outro.

A economia livre não é um jogo, é um organismo natural. O empresário, salvo raríssimas excepções, foi antes empregado para que apreendesse, com certeza bastante, os elementos indispensáveis do seu empreendimento. Não se empreende nisto ou naquilo, arbitrariamente, a não ser por interpostas pessoas. Por outro lado, entre o que vende e o que compra há uma relação complexa que ultrapassa a imediata materialidade da transacção.

De modo que a economia livre, se parece agitada à superfície, é conservadora, é consistente. Ter em conta que a maioria das empresas bem organizadas contam com décadas de vida. As empresas recentes não surgem do acaso, nascem de um enquadramento propício que inclui a capacidade do empreendedor e o seu exacto conhecimento do mercado.

Elevação

A vida comum, caracterizada pela consistência – regularidade e nexo -- é factor de segurança, tranquilidade e fidelidade ao plano divino. Mas não basta à alma. Esta aspira já à transcendência. É necessário expandir a consciência, permitir que esta se eleve acima do quotidiano.

A elevação, na matéria, permite abranger um horizonte mais largo, ver mais coisas, intuir a paisagem. Mas evitar que a vista vagueie, se distraia, que se perca no detalhe agora impróprio. Recordar que a matéria é instrumento do espírito, erguer o olhar ao Céu, para o sentir mais próximo, e reafirmar os três grandes princípios que unem as duas instâncias – liberdade, amor e conhecimento. Distinguir, na reafirmação daqueles princípios, as suas expressões, terrena e espiritual.

A liberdade terrena é absoluta, tem como único limite a propriedade do outro, situada esta no mesmo plano que a de cada um. A liberdade no espírito é plena e pacífica; exerce-se no quadro de uma hierarquia natural que tem como vértice a vontade do Pai. Todas as manobras que tendem a uma hierarquia terrena são condenadas pela providência divina e, no tempo certo, derrotadas.

Se a liberdade é para mim, é o meu absoluto porque é Deus em mim, o amor é para os outros. É pelo amor que se sustentam as nações.

O amor, no espírito, é passivo, resulta, simplesmente, da natural aproximação de todos ao Pai. O amor na matéria é atento, activo e esforçado, desdobra-se em respeito e serviço, culmina em afecto. Felizes dos que têm a vida em comum com alguém pois é da emoção consistente que surge o sentimento. É o sentimento que configura a alma e a prepara para o retorno ao espírito.

O conhecimento é a matéria do conteúdo da alma. Deus não fala de si -- excepto quando falou pela boca de Jesus -- tal como não revela a ciência. Se o mal é indicação da absoluta necessidade do Bem, a ignorância é indicação da absoluta necessidade do conhecimento.

O conhecimento, no espírito, é subjectivo, intuitivo, prescinde da palavra. Mas o seu alcance é formidável. Através do Filho se operou e opera a criação das coisas materiais – em particular, a Vida -- numa ordenação absolutamente complexa e, no entanto, segura e simples, que as entidades espirituais partilham na medida da sua ascendência.

O conhecimento, na matéria, é árduo. Objectivo, factual, racional, organiza-se precariamente na consciência de cada um, sujeito a hesitação e erro. Processo interior, exige liberdade; processo social, exige educação e colaboração amorosa. Seja qual for o alcance ou âmbito do conhecimento – prático, técnico, científico, artístico, moral – é ao Mestre e Senhor Jesus que havemos de solicitar determinação, discernimento e inspiração.

Ter a casa arrumada não basta. A prevenção espiritual é de regra. Disse Jesus:

Quando o espírito impuro sai de uma pessoa, atravessa lugares sem água procurando descanso e não encontra. Diz: “Voltarei para a minha casa de onde saí.” Chegando, encontra-a varrida e bem arrumada. Então, leva consigo sete outros espíritos piores do que ele e, entrando, acomodam- se lá. E o último estado daquela pessoa torna-se pior do que o primeiro.

Indispensável o contacto explícito e regular com Deus, seja por leitura meditada – especialmente, a do Evangelho – seja pela oração, seja pela frequência de uma congregação religiosa inteligente e empenhada; Jesus frequentava o templo para debater com os doutores. Como prémio e estímulo talvez nos sejam concedidas, e são, experiências místicas maravilhosas.

Não é possível representar o Pai, seria infantil sacrilégio o uso de representações – esculturas ou imagens – para o descrever. No entanto, o uso de tais representações para tornar presentes entidades divinas mais concretas – Jesus, Maria, santos e próximos falecidos – é oportuno já que ajuda a atrair e focar a atenção. Não se adoram as imagens, estas são mero instrumento que contraria a habitual e funesta distracção do divino.

A oração é reconhecer, despojar-se, agradecer e pedir. Jesus ensinou uma única oração a qual servirá de modelo à oração personalizada. Pedir pelos outros que conhecemos; pedir por nós, mas sob a condição de nos dispormos a ir cumprindo a nossa parte do plano divino.

Porque pedimos à Mãe de Jesus? Porque esta se apresentou em inúmeras aparições, manifestando a intenção da sua misericórdia, a qual, entre caminhos equivalentes propicia o menos doloroso.

Prevenidos, voemos. Evocar – pela reminiscência ou pela viagem -- outros tempos e locais, aproximar o que era distante, acordar o que estava esquecido, obter, talvez, da alma registos de outras encarnações e, assim, vislumbrar melhor o sentido da encarnação presente. Confundir o objectivo, que é material, e o subjectivo, que é espiritual, eis o essencial das experiências místicas. Desde a mera divagação mental à manifestação divina, passando pelo assistir a um pôr ou nascer do sol, pela observação atenta da natureza – flores, aves, paisagens – pelo sonho, pela digressão astral, as experiências místicas vêm sob todas as formas.

O pensamento é instrumento universal. Se escrever (ou desenhar) é pensar melhor, a Arte é a expressão mais sensível do conhecimento, a que, economizando a palavra, recusando-a até, mais nos aproxima do divino. A música marca a transição definitiva do conteúdo para a forma, do material para o espiritual, do objectivo para o subjectivo. Que o sagrado da arte discipline o seu ímpeto.

Uma sociedade sem Deus presente é inviável

São inviáveis todos os processos e sistemas naturais que Deus não sustenta.

Numa sociedade sem Deus cada um menospreza a sua liberdade. Esquece que, sendo sua, lhe foi emprestada pelo Pai com a obrigação de a exercer. Sabendo mal até onde vai o que é seu, ignora onde começa o que é do outro. Degrada-se a liberdade em poder, a regra dilui-se em jogo. O escravo, não o querendo ser, revolta-se apenas para se tornar escravo de si mesmo.

Ausente o respeito, como poderiam ser exercidos, do amor, os graus mais elevados? Assim, o empenho morre no desinteresse, morre a simpatia na vida corrente e cresce a inaptidão na  indústria. Na família, o afecto dá lugar à indiferença ou à prepotência. O por amor de Deus,” deixou de ser pedido, tornado inútil, passou a desabafo. Na indiferença do escravo, todas as ignomínias são acolhidas, até a manipulação do sexo, mesmo o crime.

O conhecimento, a invenção, o progresso, também não subsistem sem Deus. Requerem o entusiasmo do serviço, do qual o amor é raiz. Entretanto, uma espessa cortina de enganos ergue-se sobre a verdade; o confuso sofisma vence a clara razão, parte da ciência instituída é vendida à falsidade.

A medicina torna-se instrumento de genocídio. Proíbe-se a amigdalina, tratamento eficaz de todos os cancros. Inventa-se a doença do colesterol para que os saudáveis (a grande maioria) fiquem formalmente doentes enquanto o tratamento – as vastatinas – suscita a doença cardiovascular, hoje, a mais comum Medicamentos ditos tranquilizantes acentuam a tendência suicida. Enfim, a mentira do Covid como coisa grave e a imposição de supostas e mortíferas vacinas, estabelece a evidência e magnitude da conspiração.

Sob pretexto de duvidosas mudanças climáticas, que atribuem à actividade humana, é essa mesma actividade que querem paralisar, proibindo o inesgotável, eficiente e barato petróleo. As impraticáveis e dispendiosas alternativas energéticas, ditas sustentáveis, destroem o ambiente de que se apropriam, consomem uma imensidade de materiais que nunca mais poderão ser reciclados.

Os autores e agentes da conspiração são os eternos inimigos de Jesus, quem o crucificou, quem organizou as sangrentas revoluções dos séculos XVII e XVIII – as quais países civilizados ainda festejam -- quem planeou as guerras genocidas do século XX e, no século XXI, quem efectuou brutais agressões a países indefesos sob pretexto de democracia, tal como no século anterior o fizeram, em África, sob pretexto de descolonização. São os que, enfim, impuseram ao mundo uma moeda falsa. Para afastar suspeitas, os vitimadores vestiram-se de vítimas, montando um cenário irrisório, como lhes é costume.

O Rei, que o fora “pela graça de Deus,” já não existe. Em Portugal, o último dos reis legítimos foi exilado em 1834. Extinguia-se o Antigo Regime. A religião foi escarnecida, os religiosos perseguidos. Um vento de insanidade materialista e despudorada malícia política trouxe o contrato social, as constituições políticas – convenções abstractas, ilusionismo para tolos -- e, finalmente, a abdução do Estado sob o nome de socialismo.

Ainda houve resistência, e forte. Em 1846, o povo – o povo verdadeiro e não a sua encenação – revolta-se; é a Maria da Fonte, são as Juntas Governativas em cada um e todos os distritos da Nação. Os traidores têm de convocar a maçonaria internacional para que o seu nefando projecto – mais impostos, mais controlo do Estado, desprezo pelos costumes – não saia derrotado.

Não nos queixemos; a sociedade antiga – nobreza, clero e povo --  acumulara, certamente, vícios seculares. Deus, que sabe melhor, quis acordá-la. É para que serve o mal, esteio do bem.

Uma sociedade governada por sacerdotes, uma teocracia, seria solução caso os sacerdotes fossem gente de Deus. Mas não são ou podem não ser! Foram, também, sacerdotes os que crucificaram Jesus. Um Estado Novo, ainda que comandado por um santo, não esmagou os espíritos malignos. Estes, expulsos da casa arrumada, voltaram depois, multiplicados, conforme a parábola de Jesus.

Como sempre, Jesus, que é a face de Deus que nos assiste, tem preparadas, também do colectivo, as vias  do futuro. Sejam quais forem as vias para a liberdade, o amor e o conhecimento, ocorrerá, na nossa opinião, finalmente, o seguinte:

– libertação (privatização) da educação, da saúde e das empresas públicas (em conjunto, consomem mais de metade do orçamento do Estado, com eficiência nula); – auto-capitalização das pensões; – eliminação dos impostos sobre os rendimentos (IRS e IRC) permanecendo um único imposto (IVA) correspondente e proporcional aos consumos.

– pagamento, pelo Estado, das despesas com infantários, educação geral e profissional, e com a educação superior técnica aos mais capazes; – pagamento de todas as despesas de saúde, incluindo a assistência dos incapazes; – obrigação de um vencimento mínimo e de um seguro adequado, no trabalho.

– representação genuína da Nação (através de pessoas e não de partidos) segundo uma hierarquia de eleitos que, começando nas freguesias, culmine na Assembleia Nacional; – organização definitiva, racional e minimalista do Estado; – nomeação dos ministros, e de todos os que trabalham no Estado, por concurso público.

– limpeza funda da administração da justiça e das leis; – recuperação das forças armadas.

Conclusão

A certeza da existência de um Deus criador do mundo material e deste continuado e indispensável sustento é condição prévia e garantia bastante da conversão segura de cada um à Sua vontade. Para tal, Jesus fez os milagres que fez. As confissões organizadas, em lugar de  alardear as abundantes provas e grandiosas demonstrações da existência de Deus, apelam a uma fé pessoal que sabem ser sempre hesitante, enovelam-se em dogmas irrelevantes.

O mundo material não foi criado por Deus para que fosse um “vale de lágrimas.” Nenhum pecado original nos atormenta. As almas incarnam em indivíduos para que o plano divino seja servido. Dessa incarnação resulta uma entidade nova, a pessoa. A alma contribui com o livre-arbítrio, o indivíduo contribui com a consciência.

O processo da consciência é explicado pela permanência física dos tempos cronológicos – o eternalismo – conceito que está demonstrado pela Física e confirmado pelos sonhos premonitórios.As almas são o material de Deus; nenhuma alma se perde. O que pode perder-se é a individualidade da pessoa. Após o desencarne, a alma é limpa de todas as particularidades impróprias que lhe foram impressas ao longo da incarnação. A alma subsiste, apta, agora, a reintegrar a grande família que constitui o espírito de Deus. Do santo subsiste, na alma, quase toda a inteireza da sua individualidade; do criminoso quase tudo desaparece, é a morte no espírito, a verdadeira morte. Não há julgamento, há limpeza automática da alma. O Inferno é o desespero que acompanha o desmanchar da pessoa, a dissolução do indivíduo.

A ideia de uma futura ressurreição do corpo é insensata. Por um lado, o futuro já é presente; por outro lado, o Manel ou a Maria não são, por si, importantes para o plano divino. “Nega-te a ti mesmo!” eis a mensagem que ecoa em todas as religiões.

O plano divino está em conferir às almas consciência e conhecimento para que, sendo parte, se pareçam mais com a totalidade de Deus, assumindo capacidade criativa. Ao longo de uma vida, por um processo que ignoramos, a alma converte a objectividade das vivências, o conteúdo, na subjectividade dos sentimentos e intuições, o continente.

Para que tal processo seja eficaz, a vida deve caracterizar-se por consistência – a nitidez que se opõe à dispersão -- e por elevação – antecipar, na vivência corrente, os princípios divinos da liberdade, do amor e do conhecimento.

Reconhecer a presença permanente e providencial de Deus, através de Jesus e de sua Mãe, é indispensável para sustentar a ordem e prevenir o desânimo. O mal não é mais do que a necessária demonstração da indispensabilidade do bem. O plano divino, de que as almas são agente e objecto, não é uma brincadeira.

Uma sociedade multiplica as virtudes e insuficiências das pessoas que a integram. As igrejas, elas mesmas implicadas em vícios seculares, são impotentes para reverter a doença que um agente milenar suscita e explora. Em contraste com o maravilhoso engenho técnico do presente, o Estado, de agente divino, tornou-se instrumento diabólico do parasita. Este pretende nada menos que a extinção da humanidade. Se a solução é simples, só Deus poderá, quando o entender, permitir que se cumpra.

A certeza da existência de um Deus criador do mundo material e deste continuado e indispensável sustento é condição prévia e garantia bastante da conversão segura de cada um à Sua vontade. Para tal, Jesus fez os milagres que fez. As confissões organizadas, em lugar de  alardear as abundantes provas e grandiosas demonstrações da existência de Deus, apelam a uma fé pessoal que sabem ser sempre hesitante, enovelam-se em dogmas irrelevantes.

O mundo material não foi criado por Deus para que fosse um “vale de lágrimas.” Nenhum pecado original nos atormenta. As almas incarnam em indivíduos para que o plano divino seja servido. Dessa incarnação resulta uma entidade nova, a pessoa. A alma contribui com o livre-arbítrio, o indivíduo contribui com a consciência.

O processo da consciência é explicado pela permanência física dos tempos cronológicos – o eternalismo – conceito que está demonstrado pela Física e confirmado pelos sonhos premonitórios.

As almas são o material de Deus; nenhuma alma se perde. O que pode perder-se é a individualidade da pessoa. Após o desencarne, a alma é limpa de todas as particularidades impróprias que lhe foram impressas ao longo da incarnação. A alma subsiste, apta, agora, a reintegrar a grande família que constitui o espírito de Deus. Do santo subsiste, na alma, quase toda a inteireza da sua individualidade; do criminoso quase tudo desaparece, é a morte no espírito, a verdadeira morte. Não há julgamento, há limpeza automática da alma. O Inferno é o desespero que acompanha o desmanchar da pessoa, a dissolução do indivíduo.

A ideia de uma futura ressurreição do corpo é insensata. Por um lado, o futuro já é presente; por outro lado, o Manel ou a Maria não são, por si, importantes para o plano divino. “Nega-te a ti mesmo!” eis a mensagem que ecoa em todas as religiões.

O plano divino está em conferir às almas consciência e conhecimento para que, sendo parte, se pareçam mais com a totalidade de Deus, assumindo capacidade criativa. Ao longo de uma vida, por um processo que ignoramos, a alma converte a objectividade das vivências, o conteúdo, na subjectividade dos sentimentos e intuições, o continente.

Para que tal processo seja eficaz, a vida deve caracterizar-se por consistência – a nitidez que se opõe à dispersão -- e por elevação – antecipar, na vivência corrente, os princípios divinos da liberdade, do amor e do conhecimento.

Reconhecer a presença permanente e providencial de Deus, através de Jesus e de sua Mãe, é indispensável para sustentar a ordem e prevenir o desânimo. O mal não é mais do que a necessária demonstração da indispensabilidade do bem. O plano divino, de que as almas são agente e objecto, não é uma brincadeira.

Uma sociedade multiplica as virtudes e insuficiências das pessoas que a integram. As igrejas, elas mesmas implicadas em vícios seculares, são impotentes para reverter a doença que um agente milenar suscita e explora. Em contraste com o maravilhoso engenho técnico do presente, o Estado, de agente divino, tornou-se instrumento diabólico do parasita. Este pretende nada menos que a extinção da humanidade. Se a solução é simples, só Deus poderá, quando o entender, permitir que se cumpra.

Cumprido o meu dever, despeço-me, grato pela leitura que, espero, fosse de proveito.