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Acerca do Plano Divino

Introdução

O autor apresenta-se como quem emergiu das catacumbas, não as da fé, mas as de uma esperança difusa no meio do quase nada. Ele não sabia, apenas suspeitava, que a civilização está, inteira, nas mãos de Deus. Como caracterizar o presente trabalho? Jornalismo espiritual? Porque não?

O que chamamos de eternalismo cristão pretende reunir elementos do cristianismo, da ciência e de alguma, mas parcimoniosa, especulação baseada em evidências, de modo a elaborar um quadro funcional, meramente essencial, de um mundo em complementaridade material e espiritual. Na sua rusticidade, do referido quadro podem extrair-se importantes consequências. Esperamos que o seu enunciado ajude cada um a afinar as suas atitudes e propósitos na caminhada que lhe cabe ir efectuando ao longo da infinidade.

O cristianismo não está a morrer. Estará diversificado, distribuído, corre mais facilmente, menos fiel ao dogma mais fiel a Jesus. Talvez que a indignidade das hierarquias tenha como contraponto a entrega mais autêntica, mais directa, dos fiéis, a Jesus. O movimento carismático, transversal a várias denominações, insiste no baptismo diário no Espírito Santo, vivificando a Fé.

Entretanto, a manifestação, insistente e empolgante, da nossa Mãe do Céu, enche os corações de esperança, de alegria, de confiança.

Só poderemos deduzir uma moral que resulte da aplicação judiciosa e plena do livre arbítrio quando entendermos a vida da alma, na interface da matéria e do espírito, e percebermos o significado e alcance do triplo atributo da liberdade, conhecimento e amor, em cada um desses estados distintos da existência. Se tal empreendimento se revelar frutuoso, talvez o Plano Divino se apresente como evidência deslumbrante quando era, antes, mistério aparentemente inabordável. A nossa tese:

-- Segundo o Plano Divino, a alma, o menor fragmento do Espírito (Santo) de Deus, há-de adquirir a individualidade e autonomia que, originalmente, lhe faltavam, sem perda do sentido amoroso próprio de cada parte do Espírito Santo.

-- A consciência de si em si, indispensável àquele propósito, a alma só a poderia adquirir participando do mundo físico. Foi para tal que o Pai se determinou a criar tal mundo e a nele estabelecer a vida biológica.

O que é a consciência de si em si? Como ocorre no mundo material e como poderá sustentar-se no Espírito?

O Pai, Senhor de uma só Vontade, compraz-se na multiplicação harmoniosa de mil vontades. Continua, pois, em curso a Criação Divina, por intermédio das criaturas de Deus. Que a Criação Divina está em curso é-nos assegurado por Paulo:

A própria criação será libertada da sua sujeição à corrupção e alcançará a liberdade da glória dos filhos de Deus. Pois sabemos que toda a criação tem gemido nas dores do parto, até agora. Não apenas a criação, mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, gememos interiormente enquanto esperamos ansiosamente a adoção como filhos, a redenção dos nossos corpos (Romanos 8: 19-25).

A Criação Divina deverá encarar-se como um processo continuado onde podem distinguir-se etapas e episódios mas nunca mudanças bruscas, apocalípticas. Quando se sequencia tal processo, atente-se que ele não assenta no tempo cronológico comum.

A demonstração da nossa tese depende da confirmação de dois factos:

-- A eternidade material não é sucessão de instantes mas, pelo contrário, uma sequência de momentos todos eles dotados de realidade física permanente.

-- O Deus único manifesta-se por três aspectos ou em três entidades, designadas, talvez impropriamente, por pessoas. O Pai é a vontade única ou suprema de Deus. O Espírito (Santo) de Deus é a sua generosa expansão em múltiplas entidades -- a Mãe, os anjos, as almas e espíritos santificados. O Filho, Jesus Cristo, é o divino administrador do mundo material, o supremo taumaturgo e pastor das gentes da Terra e, eventualmente, de outros planetas. Notar que, no nosso conceito, o Espírito (Santo) de Deus não é uma pessoa mas uma infinidade de personalidades sujeitas a uma hierarquia centrada no Pai. O Espírito Santo é o Céu ou os Céus. Tal hierarquia é lembrada ao nomear-se Maria, Rainha do Céu e Jesus o seu Rei.

Talvez que, por este conceito, o leitor seja levado abandonar a leitura. Antes do fazer, considere que tudo o que Deus cria está Nele, é Dele. Se podemos destacar, conceptualmente, o mundo material da Pessoa Divina é porque o processo material é claramente distinto do seu contraponto espiritual. Sendo Deus espírito, O Espírito, que outra coisa podem ser as criaturas espirituais senão partes individualizadas do Espírito (Santo) de Deus? Atente-se no sermão da Última Ceia, em João:

Que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim e eu em ti. Que eles estejam em nós, a fim de que o mundo creia que tu me enviaste. Eu lhes dei a glória que tu me deste, para que eles sejam um como nós somos um:  eu neles, e tu em mim, para que eles atinjam a completude em um, para que o mundo saiba que Tu me enviaste e os amaste, tal como me amaste.

Eis o programa, o Plano Divino.

Não ostentamos dogmatismo, filho do orgulho. Basta-nos a consistência, filha da honestidade. Tanto as religiões oficiosas como a especulação particular têm recorrido, liberalmente, a conceitos ad hoc, ignorando a saudável e necessária economia conceptual, descuidando a coerência do discurso ao mesmo tempo que ignoram sólidos elementos, as evidências que a ciência actual lhes faculta. Ao referirmos ciência não nos atemos ao que a polícia académica autoriza. Tornou-se comum que os cientistas avençados, carreiristas, censurem, escondam ou desvalorizem factos estabelecidos, enquanto promovem, com alegre atrevimento, especulações grosseiras e velhas como se foram factos.

Só ficaremos seguros de que trabalhamos sobre algo real -- e o leitor céptico, tranquilizado -- ao evidenciar-se a existência de Deus. As três demonstrações apresentadas reportam-se, cada uma, a uma das suas três entidades -- Pai, Espírito Santo e Filho.

As evidências não se esgotam nas provas. Há evidências que, podendo ser aduzidas como “prova” requerem uma análise sempre sujeita a contestação e debate. Este, ainda que conclusivo, deixará atrás de si o sentimento da dúvida que o eco dos argumentos em contenda favoreceu. Referiremos o milagre, as aparições marianas, o fenómeno OVNI, o cristianismo, como evidências adicionais da existência do Espírito Divino.

Na segunda parte trataremos, sem outras delongas, da oposição a Deus. Uma oposição sem esperança que se manifesta em actos predatórios contra as Suas criaturas. Quando o rebanho se desune, o leopardo ataca. Quando Satanás ataca é todo o rebanho que fica em perigo.

Na terceira parte entramos no cerne do estudo. Que é a consciência no animal e, depois, no humano? Que nos diz a consciência humana sobre a natureza do mundo material? Como poderemos distinguir entre a consciência na matéria e a consciência no Espírito? Talvez que tal distinção nos sugira, então, o que poderia ser o Plano Divino.

Na quarta parte procura demonstrar-se que o mundo material é constituído pela realidade física permanente do passado, do presente e do futuro. O tempo cronológico é enumeração de momentos e não sucessão de instantes. Tal concepção, o eternalismo, explica a consciência e tem inusitados efeitos no modo como a alma vive a encarnação ou encarnações a que está obrigada a fim de satisfazer o Plano Divino.

O universo eternalista é como uma imensa rede que abrange todo o espaço e todos os tempos. Uma rede cuja imobilidade é coagida pelas imutáveis leis da Física. Uma rede que estaria morta não fosse a excepção do livre-arbítrio que a anima.

Na quinta parte descreve-se a vida e evolução da alma na confluência da matéria e do Espírito. Como se relacionam os três tempos, cronológico, do Espírito (na diversidade das suas entidades) e de Deus (na unidade do Pai)? Discutiremos a morte na matéria, a morte no Espírito, o Purgatório, e os atributos da memória, em cada um dos planos.

Na sexta e última parte, abordamos a vida virtuosa, o seu como e o para quê. Trataremos do que a ameaça. Lembraremos quanto a assistência da Providência Divina é indispensável e como pode manifestar-se, judiciosamente, em cada detalhe da vida de cada um. Daí a importância da oração.

A oração é encarada por alguns como ritual de magia que força a divindade a agir favoravelmente. Nada mais falso. Deus, através de Jesus, de Maria ou de algum santo ou anjo, não deseja mais do que favorecer-nos, não precisa de ser forçado nem poderia sê-lo. A oração, o pedido, é a autorização que Deus exige no respeito pela nossa liberdade, antes de intervir a nosso favor.

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