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Acerca do Plano Divino
Física da eternidade
Espaço-Tempo
Percursos no espaço-tempo
Transformações de Lorentz
Retrocausalidade
Espaço-Tempo
Haverá outras provas da realidade simultânea do passado, presente e futuro, passe a contradição, para além das que encerra a psicologia -- possibilidade da consciência de si em si e sonhos premonitórios -- ? A contradição é aparente. Simultaneidade é coexistência e, coexistência é influência mútua ou a sua possibilidade.
O tratamento físico que aqui desenvolveremos é simples, deliberadamente ingénuo. Certamente que um físico teórico o não subscreveria. De qualquer modo, tanto o leitor como o autor deste trabalho, nenhum proveito iriam recolher de interpretações demasiado complexas e, por tal, mais difíceis e menos convincentes, dos factos relevantes.
A denominada “teoria da relatividade” introduz o Espaço-Tempo. Se o tempo é a quarta dimensão da realidade, então é extenso e omnipresente, tal como o espaço. A experiência confirma que o percurso do espaço e o percurso do tempo estão ligados. Só a luz percorre o espaço sem percorrer o tempo. Só um corpo absolutamente imóvel percorre o tempo sem percorrer o espaço. Quanto mais rápido for o percurso no espaço mais lento é o percurso no tempo. Finalmente, o percurso no espaço-tempo decorre sempre à mesma “velocidade.”
O parágrafo anterior é ilusório nos seus termos. Os corpos não percorrem o espaço-tempo. Estendem-se -- repetem-se -- através deste. As trajectórias não são apenas linhas num gráfico descritas por uma partícula. As trajectórias dos corpos são materializadas pela sua presença. Claro que a luz não é material, não possui massa.
Trajectória de um corpo num plano e a mesma trajectória no espaço
(plano) -- tempo. Só a segunda imagem permite conhecer o sentido
em que ocorre o movimento.
Choque de duas partículas no espaço-tempo.
A imagem anterior quer alertar para o facto de que, se os tempos são omnipresentes e se os corpos se apresentam idênticos a si mesmos, momento após momento, eles hão-de repetir-se ao longo da dimensão cronológica. Recorde-se que este conceito foi introduzido para explicar a consciência.
Percursos no espaço-tempo
A intimidade entre espaço e tempo é estabelecida pela chamada “teoria da relatividade” através de uma lei fundamental. O “percurso” no espaço-tempo ocorre sempre à mesma velocidade, a velocidade da luz. Ou melhor, segundo a interpretação eternalista, se um corpo se “estende” mais no espaço “estender-se-á” menos no tempo. A referida teoria pode ser enganadora ao vislumbrar o tempo como dimensão similar às dimensões espaciais. De facto, a dimensão tempo multiplica o âmbito das dimensões espaciais e é multiplicada por estas, tal como estas se multiplicam entre si. Mas não é possível, como veremos, percorrer o tempo “para a frente e para trás” tão despreocupadamente como se percorre o espaço.
As dimensões espaciais e a dimensão temporal multiplicam-se entre si. Mas não é,
geralmente, possível percorrer o tempo para trás.
Na figura seguinte, onde apenas se considera uma dimensão do espaço (como se fora um longo trilho rectilíneo) três corpos, A, B e C encontram-se na mesma posição do espaço-tempo. Os corpos B e C estão lançados, no espaço, a velocidades diferentes, A permanece imóvel no espaço. Nesse momento, é disparado um raio de luz. Assinalam-se novas posições das quatro entidades. Vê-se que percorreram a mesma “distância” no espaço-tempo.
Notar que A, B, C e o impulso luminoso, se encontram, agora, sobre a mesma circunferência centrada no ponto em que, antes, coincidiam. Para que a linha que os reúne seja uma circunferência, equivalemos 1 segundo de tempo a 300 mil quilómetros de espaço, tomando como referência física absoluta a velocidade da luz.
A esfera A está imóvel no espaço mas avança no tempo. As esferas B e C são lançadas a diferentes velocidades através do espaço (aqui, a uma dimensão). A esfera C, mais veloz, adianta-se no espaço mas atrasa-se no tempo. A luz avança apenas pelo espaço.
A técnica do sistema de localização GPS é obrigada a levar em conta o facto de que o aumento do percurso do espaço diminui, obrigatoriamente, o possível percurso do tempo, como se a velocidade de deslocação no espaço-tempo fosse constante. Por estarem, os satélites, em rápido movimento, os seus relógios atrasam-se relativamente aos relógios em Terra.
Há, também, o efeito oposto, que não abordaremos. Por se encontrarem longe da Terra, menos afectados pelo seu campo gravitacional, os relógios dos satélites adiantam-se relativamente aos relógios em Terra. Efeito que, no sistema do GPS, é o dominante.
Um segundo em distância temporal equivale a trezentos mil quilómetros na distância espacial. Isto é, imóvel, percorro um segundo enquanto a luz percorre 300 mil quilómetros sem avançar no tempo.
Transformações de Lorentz
Dois observadores, em sistemas diferentes, observam o mesmo fenómeno (dois acontecimentos, inicial e final) segundo um decurso diverso. Na figura, uma carruagem em movimento uniforme com paredes de vidro. Lá dentro, um objecto cai. O observador dentro da carruagem vê a bola cair na vertical. O observador exterior vê a bola descrever uma parábola, durante a queda.
Esta relatividade das observações é fácil de explicar. Agora, vejamos uma relatividade mais subtil. Partiu-se da ideia de que a velocidade da luz tem a mesma medida seja quais forem as circunstâncias da sua medição. A medida da velocidade da luz parece ser a única referência absoluta no universo material.
Um raio de luz é emitido para o tecto da carruagem onde um espelho o reflecte. O observador exterior à carruagem vê o raio de luz efectuar um trajecto mais longo entre a fonte, o espelho e o sensor uma vez que a carruagem avança enquanto o (mesmo) fenómeno ocorre. Então, tal observador exterior haverá de contar mais tempo que o observador dentro da carruagem, uma vez que adoptará o mesmo valor para a velocidade da luz.
Note-se que, se o fenómeno do raio de luz reflectido ocorresse no exterior da carruagem, seria o observador dentro da carruagem a anotar mais tempo. O tempo passa mais devagar no (ou para o) sistema que está imóvel relativamente ao fenómeno. É o chamado tempo próprio, t0.
A experiência conceptual, feitos os correspondentes cálculos, permite relacionar t (tempo contado pelo observador exterior) com t0 , tempo contado pelo observador que acompanha o fenómeno:
t = t0 /raiz quadrada(1 - (v/c)2) , t > t0
A mesma relação se obtem a partir da figura seguinte, já introduzida. O corpo A move-se (prolonga-se) apenas no tempo. Dizemos que está imóvel; o corpo B move-se (prolonga-se) no tempo e no espaço; c é a velocidade da luz; v, é a velocidade do corpo B medida por A (B não pode medir a sua própria velocidade pois está imóvel relativamente a si mesmo). No tempo t de A a luz percorre a distância ct e B percorre, normalizada, a distância (v/c) t.
O fenómeno observado é o movimento (extensão) de B entre a origem dos eixos e a posição indicada a verde. Para B, o fenómeno durou t0 . Para A, durou t. O esquema sugere uma definição de simultaneidade diferente da comum. Todos os corpos situados no arco de circunferência estão em equivalência espacio-temporal: partiram do mesmo ponto e percorreram a mesma distância no espaço-tempo. Lembrando que o tempo é uma dimensão extensa desse espaço e que A e B se deslocam à mesma “velocidade” nesse espaço, então chegam “ao mesmo tempo” às novas posições.
Aplicando o teorema de Pitágoras ao triângulo a azul, obtemos:
t2 = t02 + (v/c)2 t2 ⇔ t2 - (v/c)2 t2 = t02 ⇔ t2 (1- (v/c)2 ) = t02
⇔ t2 = t02 / (1- (v/c)2 ) ⇔ t = t0 / √raiz quadrada (1- (v/c)2 ) , a relação acima.
Embora a mesma relação tenha sido obtida por dois métodos diversos, o método que agora se apresentou tem um significado ausente da “demonstração do comboio,” preferida pelos relativistas.
Vejamos: sobre a superfície da Terra incidem partículas, p, cujo tempo médio de vida, tm , em repouso, não lhes permitiria percorrer a distância que separa a alta atmosfera, onde se formam, do nível do mar, onde são detectadas (t0 = tm). Porém, o tempo médio de desintegração medido no sistema imóvel da Terra, t, é dilatado permitindo que, medida na Terra, a distância percorrida seja muito maior.
O esquema abaixo, o qual dá conta da situação, só pode ser entendido se à coincidência partícula--superfície daTerra (C) corresponder a equivalência dos pontos D (início da contagem do tempo, na Terra) e E (local e momento da formação das partículas), equidistantes de C no espaço-tempo.
A questão da energia requer tratamento adicional mas que não é importante aqui, onde apenas se pretende demonstrar que tempo cronológico e espaço são grandezas mutuamente implicadas pelo que o tempo tem extensão da mesma forma que a tem o espaço.
Retrocausalidade
A relatividade é uma demonstração indirecta do tempo como coisa estendida, análoga ao espaço. Descreve a dependência mútua das duas grandezas.
Está disponível uma demonstração directa da presença simultânea dos tempos: o futuro a alterar o passado e, este, a influenciar, de volta, o futuro.
Em 1982, o físico francês Alain Aspect, demonstrou experimentalmente a persistência do entrelaçamento quântico. Se duas partículas (fotões, átomos ou iões) constituem, num dado momento, um sistema único (entrelaçamento), a soma dos valores de uma dada grandeza em cada partícula é, necessariamente, 0. Se o valor dessa grandeza numa das partículas é +1/2, na outra partícula é -1/2. Esqueça-se a natureza da grandeza e a realidade dos números que referimos como exemplo.
Cada partícula segue o seu caminho, afastando-se da outra. Por um meio qualquer, faço com que uma das partículas adquira, agora, o valor +1/4 para a tal grandeza. Imediatamente, a outra partícula, esteja a que distância estiver da primeira, adquire o valor –1/4. Se determinei para uma o valor 2/3, a outra partícula toma o valor -2/3. Altero o estado de uma partícula e o estado da outra é, imediata e automaticamente, alterado ainda que estejam já separadas por quilómetros. Isto, para que a soma dos valores daquela grandeza continue a ser 0.
Este resultado contraria a presunção da localidade, a velha exigência, se não da Física pelo menos de alguns físicos, de que a velocidade da luz não pode ser ultrapassada na propagação de um efeito qualquer.
Nesta experiência parece estar em jogo algo de mais fundamental. A única explicação plausível ou, até, possível, é a de que a partícula alterada comunica a sua alteração ao passado onde as duas partículas estavam juntas, a outra partícula é alterada de acordo com a alteração da primeira e, assim alterada, regressa ao futuro onde a primeira havia sido alterada!
Melhoremos a explicação. As partículas não viajam no tempo. As diferentes instâncias ou réplicas temporais de cada partícula comunicam entre si, como se, no seu conjunto, constituíssem uma corda. Aliás, o termo entrelaçamento quântico já alude a cordas entrelaçadas.
A partícula da esquerda sofre uma acção que se comunica, através do “cordão” temporal que a constitui, ao cordão que é a outra partícula. São duas partículas “entrelaçadas.”
Notar que o “regresso ao passado” é possível apenas se as cordas, da primeira e da segunda partícula, não sofrerem qualquer interferência, se não houver desentrelaçamento. Nesse caso, o regresso ao passado não se depara com qualquer limite temporal. Nas últimas experiências deste tipo os detectores da esquerda e da direita estavam afastados por dezenas de quilómetros, o que significa que o retorno, calculado por recurso à velocidade da luz, foi de 0,0001 segundos, intervalo de tempo enorme em termos da escala temporal que rege o micro-mundo.
Alain Aspect (1947-- ). Foi-lhe atribuído o Nobel, apenas em 2022, juntamente com John Clauser e Anton Zeilinger, pelas experiências com fotões entrelaçados.
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