principal@eternalismo-cristao.com
Acerca do Plano Divino
O Reino de Deus na Terra
O humano e a alma
Virtudes da alma e qualidades da mente
Virtudes cristãs
Aptidões absolutas
O caminho da Fé
Caos e ordem
Amor e Justiça
Caos
Ordem
O humano e a alma
O humano, já o dissemos, como mero animal é extremamente perigoso. O pico da sua evolução é a guerra. O seu método social é o logro, a sua política, o engano, o seu impulso, cruel. O destino do animal humano é trágico, inexorável. Sem alma não há livre arbítrio. Sem livre arbítrio não há fuga à lei da selva.
Talvez seja heresia aceitar que a alma possa não estar presente no humano! Mas que significa o baptismo, vida nova, descida do Espírito Santo, senão a aceitação, ou a promessa de aceitação, pelo humano, da incorporação plena da alma? Na ausência desse processo, que não é um exclusivo do cristianismo, pode admitir-se que a alma não está devidamente incorporada.
A questão do pecado original tem envolvido confusão entre o humano animal e a alma que nele incorpora. O pecado original é o próprio do animal. É o inevitável pecado do carnívoro e, por extensão, do predador pessoal ou social.
A pessoa, se complacente com a sua alma, o que recebeu o Espírito Santo e renasceu, transcende o pecado original porque ultrapassa a condição animal. Afirmar-se que Jesus Cristo veio tirar o pecado do mundo é força de expressão, eventualmente, hipócrita. Ele veio oferecer a salvação a um mundo reticente. Oferta que é lembrança, exortação.
O baptismo, na sua exterioridade, é um simbolismo, ou melhor, uma solenidade, uma consagração, um sacramento. Infelizmente, a infusão da alma não é permanente nem definitiva O pecado, por assim dizer, permanece no animal, seja humano ou outro...
É isto heresia? Não será heresia maior aceitar o pecado das almas? As almas, sendo espírito, não pertencem já ao Espírito Santo? E, pertencendo, não será contraditório chamar santo a algo que inclui imperfeição?
O espiritismo aceita que as almas (a que chamam espíritos) são imperfeitas pelo que, a fim de se integrarem em escalões mais elevados do Espírito, hão-de realizar uma aprendizagem terrena. Nota-se aqui uma hábil nuance. As almas não seriam imperfeitas por serem pecadoras mas por serem pouco esclarecidas; não se alude a que poderão ter sido deformadas por individualidades violentas onde encarnaram, que a sua aprendizagem terrena não é tanto moral mas, sobretudo, intelectiva. A redenção moral ocorre não na Terra mas no Purgatório espiritual.
Apesar de utilizar o termo encarnação, o espiritismo também confunde a alma com o indivíduo humano. Ora, o humano foi feito para a alma, como o cavalo para o cavaleiro. Aqui reside a lógica principal. Cavalos e cavaleiros não são todos iguais. O cavalo é mais ou menos rebelde; o cavaleiro é mais ou menos hábil.
Que oferece o cavaleiro ao cavalo? Quando a alma entra em jogo, abrem-se outras perspectivas ao indivíduo humano, para lá do cruel destino. A alma introduz a liberdade, a alternativa. Com a liberdade, a sua orientação natural, o amor. A regra do amor manifesta-se na paz, alternativa da guerra, no respeito e no auxílio, alternativas do logro, no mercado (oferta e procura), alternativa do roubo. Quando os indivíduos se tornam pessoas, ao incorporar a alma, as suas possibilidades de vida, tanto da vida interior como da vida social, aumentam exponencialmente.
Porque razão, no Espírito, o amor resulta da liberdade? Responda-se: Deus é amor. E porquê Deus é amor?
Deus é liberdade porque a liberdade é o próprio da criação. As consciências de Deus no Espírito, desde os anjos até as almas, são, portanto, livres. Agora repare-se! O Espírito é eterno e as consciências que o compõem são solidárias. O amor é o estado natural dessas consciências. Ausência de amor, indiferença, é a própria negação da consciência espiritual, perene, diversa mas unitária.
O amor é o instinto da liberdade divina pois que todas as consciências se reúnem e combinam na consciência única de Deus. Pelo contrário, as existências materiais são casuais, instrumentais, provisórias. Uma vida tem duração limitada. Pode até desaparecer numa versão nova da eternidade. Uma vida, a não ser que lhe esteja associada uma alma empenhada, vale pouco.
Entre a liberdade e o amor, faz-se necessário um atributo intermédio, o conhecimento. Se, no mundo animal, o desejo se exerce pela violência, no mundo das almas o desejo inspira o serviço. É pelo serviço que o amor se concretiza e prospera. O cientista e o filósofo, que descobrem, o engenheiro, que concebe, o operador, que executa, o amante, que se preocupa e atende, realizam actos de amor.
A liberdade orientada para o amor traduz-se em serviço, o qual exige obra. A obra requer constância e conhecimento. O conhecimento orienta o serviço e o serviço é acto livre e efectivo de amor. A atenção às coisas e o cuidado das pessoas, levam ao afeiçoamento das circunstâncias, à segurança, à harmonia familiar e social, à valorização do próprio. Levam à invenção, à indústria, à oferta prolixa de utilidades, à permanência da justiça.
O convite de Jesus Cristo, regente do mundo, é para que cada um, alma e humano, cavaleiro e cavalo, inaugurem, entre si, uma forma mais elevada de consciência e uma nova regra de convívio. Nem a velha consciência do animal, focada e fechada no próprio, nem a consciência contemplativa, dispersa, ineficaz e vazia. Uma consciência mista, fundada na palavra e na imagem, na razão e no sentimento, no acto e na permanência.
O Plano Divino inclui a ilustração e recomposição do Espírito Santo. Tal recomposição inicia-se pela re-união das almas sob uma nova lógica. Jesus Cristo é o mentor do projecto. Anunciou-o, proclamou a sua importância, deu sublime exemplo de empenho. Assinalou, aos indivíduos, o amor como destino adequado da liberdade e o esforço como caminho.
Há duas perspectivas de vida: a que se limita à vida terrena e a que inclui o lapso curtíssimo da vida terrena numa vida espiritual que se prolonga pela eternidade. Perspectivas tão radicalmente diferentes que determinam atitudes e comportamentos certamente muito afastados entre si.
Virtudes da alma e qualidades da mente
Virtudes cristãs
O pecado afecta o próprio, ainda não prejudica os restantes. É a excessiva fixação em coisas materiais: gula, luxúria, vaidade. Se o pecado é esquecimento de Deus e inibição da alma, o crime é desafio a Deus e a própria ausência da alma. Claro que o pecado pode constituir-se em antecâmara do crime. A preguiça incita à fraude, a avareza incita ao roubo, a ira incita à agressão, a inveja incita ao querer mal.
Perdoamos a quem nos tem ofendido, condoemo-nos, mesmo, pois sabemos que tais ofensas serão penosamente resgatadas da alma de quem as praticou, no purgatório.
Evoquemos virtudes cristãs em lugar de insistir no pecado: – a prudência, que dispõe a razão prática para discernir o verdadeiro bem, escolhendo os meios justos para o realizar; – a fortaleza ou coragem, que assegura firmeza e constância na prática do bem; – a temperança, que impõe moderação no uso dos bens criados; -- a justiça que é a disposição firme de dar a cada um o que lhe é devido.
Tais virtudes práticas ou cardeais estão em acordo com as virtudes teologais: -- fé, esperança e caridade.
Do cruzamento de ambas resultam virtudes morais -- humildade, obediência, alegria, paciência, penitência e castidade -- virtudes, algumas, ambíguas e, no seu conjunto, incompletas.
O sofrimento inaudito a que o crime organizado global tem sujeitado a humanidade é propiciado pela degenerescência, deliberadamente induzida, de todos os sistema de virtude. Não se olha para longe nem para cima. Roma foi, de novo, corrompida! No meio do caos secular, observa-se uma enorme diversidade entre indivíduos e pessoas. Só uma extrema minoria de pessoas cultiva o pleno das virtudes.
Foi para preservar a ordem e a paz no meio da confusão e da violência que surgiram as ordens monásticas. A primeira, criada em fins do século V, a dos Beneditinos, tinha por divisa: Ora et Labora, Reza e Trabalha. Precisamos de uma ordem mais essencial e, ao mesmo tempo, mais comum, cujos membros não se distingam pelo hábito da vestimenta ou do dogma mas pelo hábito de um pensamento claro e de uma atitude limpa.
Aptidões absolutas
As virtudes provêm da alma. As qualidades são atributo da mente. O instrumentista é virtuoso, o instrumento é qualificado. A Igreja confunde a alma, o indivíduo, a pessoa. São entidades distintas. É da combinação das virtudes da alma e das qualidades do indivíduo que resultam as aptidões da pessoa.
Quais as virtudes da alma? Recorda-se: a liberdade e o amor. A liberdade é a obediência ao Pai segundo o critério particular do próprio. Não é livre o que abdica do Pai; não é livre o que, em si mesmo, se deixa substituir por outro particular -- seja este um indivíduo ou um colectivo. O amor é aceitar, no outro, um outro como eu.
As qualidades da mente são a ordem e a não contradição. A ordem consiste numa relação exacta entre partes de um todo indiviso. Podemos identificá-la ao conhecimento. A não contradição corresponde à solidez e ao equilíbrio da ordem, à segurança, fiabilidade e amplitude do conhecimento. Quando se manifesta a contradição, a ordem é alterada podendo, mesmo, desmoronar-se. Por isso, muitos se contentam com uma ordem limitada que não admite contradição.
As virtudes da alma são-lhe inerentes. As qualidades da mente resultam da aprendizagem, seja na actual encarnação seja nas encarnações que deixaram nobres vestígios na conformação da alma ao passarem incólumes a operação purificadora de sucessivos purgatórios.
Com tão parcas virtudes e qualidades, duas de cada espécie, podemos compor o quadro completo que satisfará à união perfeita da alma e do indivíduo e, assim, à glorificação da pessoa na unidade do Espírito (Santo) de Deus.
A primeira virtude da alma é a liberdade. A primeira qualidade da mente é a ordem. Liberdade e ordem conjugam-se em determinação.
Determinação é a disposição interior para seguir um caminho próprio e constante. A determinação tem como efeitos práticos ou aptidões da pessoa, a firmeza, a coragem, a independência.
A segunda qualidade da mente é a não contradição ou honestidade. Liberdade e não contradição conjugam-se em engenho.
Engenho é a disposição interior para procurar o melhor caminho. O engenho tem como efeitos práticos ou aptidões da pessoa, a ciência, a indústria, a procura da segurança material ou intelectual.
Não estivemos muito longe das virtudes práticas que a Igreja recomenda: coragem e prudência, o tal engenho. Só que, agora, não estão a ser simplesmente dadas mas a ser deduzidas. O que lhes confere consistência e confiança. E são aptidões práticas, o que deduzimos, e não virtudes abstractas.
A segunda virtude da alma é o amor. Amor e ordem conjugam-se em harmonia.
Harmonia é a disposição interior para a estabilidade. A harmonia tem como efeitos práticos ou aptidões da pessoa, a paz e a tranquilidade.
Finalmente, amor e não contradição conjugam-se em respeito.
Respeito é a disposição interior para considerar o outro como a si mesmo. O respeito tem como efeitos práticos ou aptidões da pessoa, a gentileza e a generosidade.
Extraordinário como toda uma filosofia moral se pode condensar em quatro parágrafos. Vejamos se tal filosofia é, realmente, moral, suficiente e -- apesar de sucinta -- não redundante. Os parágrafos seguintes pretendem ser, daquela, um teste, ainda que sumário.
Uma pessoa determinada não perde o seu tempo nem faz perder o tempo alheio. Sabemos o que havemos de esperar de tal pessoa. Mas tal pessoa pode perseguir um propósito inaceitável, gerar desarmonia e, mesmo, prejuízo a si ou a outros. Pode enganar-se a si mesma. Pode ser, simplesmente, teimosa ou abusadora.
Se determinada e engenhosa, tal pessoa terá sucesso no seu empreendimento e alcançará prosperidade; se o engenho se estender ao trato humano, trará prosperidade a outros. Determinação e engenho não implicam o exercício do amor embora demonstrem força de carácter e uma certa modalidade de honestidade.
O amor -- o verdadeiro amor e não o proteccionismo que é o abuso disfarçado -- suscita o desejo de que o outro esteja bem, realmente bem, tão bem quanto nos sentimos. Se esse desejo for consequente -- bem ordenado, constante -- inspirará confiança e trará, a todos, uma paz sem preço ainda que as circunstâncias materiais ou pessoais sejam pouco lisongeiras.
Pensemos, agora, numa família onde haja prosperidade, brilho intelectual, onde todos se entendam sem crispações, com abertura plena. Fora de portas, poderão os seus membros desdenhar dos circundantes, contradizer, por falta de respeito, os princípios que, dentro de portas, os elevaram.
Da combinação das aptidões superlativas de cada pessoa resultam vocações. Da determinação e da harmonia resulta a vocação do administrador. Da determinação e do engenho resulta o empreendedor. Da determinação e do respeito resulta o chefe. Do engenho e da harmonia resulta o técnico. Do engenho e do respeito resulta o diplomata. Da harmonia e do respeito resulta o benfeitor. Da combinação superlativa das quatro aptidões resulta o herói, Jesus Cristo.
As vocações resultam de uma certa combinação de virtudes da
alma e de qualidades da mente.
O que alguns classificam de ideal, aqui se estabelece como padrão. O quadro legítimo da educação. O importante, aqui, é a estrutura. A estrutura garante clareza, solidez e permite desenvolvimento. As vocações assinaladas são meros estereótipos.
A tarefa da alma encarnada é erguer o animal humano, domesticá-lo. Onde havia interesse próprio e desdém pelo outro, passe a haver serviço. Onde havia alheamento, passe a haver empenho. Onde havia a emoção do momento, passe a haver a serenidade do eterno. Onde havia vista curta, hesitação e desistência, passe a haver visão, ordem e projecto. Onde havia medo, passe a haver coragem e confiança.
Praticar as virtudes e suscitar as qualidades. Ligar, no alto, e disciplinar, no baixo. Infelizmente, a corrente da consciência tende a favorecer o improviso enquanto a urgência da acção acorda a inquietação e inibe a reflexão. Sendo assim, ainda que a impassibilidade não seja possível nem, talvez, desejável, convém criar, na mente, uma zona tampão, reflexiva, entre a percepção e a decisão. É nessa zona tampão que se insere a alma.
O caminho da Fé
Ainda que o indivíduo esteja preparado e a alma activa, pode faltar a fé vivida em cada momento. A fé como sentimento da presença permanente de Deus. Não apenas a presença da alma mas a alma sentida como parte do todo maior do Espírito (Santo) de Deus. A fé é como que o combustível do livre arbítrio, aquela reserva de energia que se distribui pela mente redundando no seu equilíbrio e quietude.
Pede-se a Deus um sinal que reforce a fé vacilante. Imagina-se uma manifestação visível e grandiosa, um prodígio, um milagre público. Mas Deus é discreto, não faz propaganda de si mesmo. E conhece a gente. Ainda vendo, não acreditavam.
Outros gostariam que o Pai do Céu antecipasse os perigos que aguardam cada um e lhes desse melhor tratamento. Talvez dê. Quem nos garante que as circunstâncias com que cada um se depara não hajam sido antecipadas e afeiçoadas seja pelo critério da alma -- a qual é uma entidade que, embora própria, é extensíssima, como vimos -- seja pela intenção e intervenção de uma consciência espiritual mais poderosa ou com melhor perspectiva, um santo, a Mãe do Céu, um falecido querido? É a Divina Providência de Jesus, é a Misericórdia de Sua Mãe.
Definir claramente um plano e a própria alma certamente irá lá à frente fazer o possível por reunir e conjugar os elementos indispensáveis em circunstâncias favoráveis. Se a alma requerer ajuda de espíritos mais amplos, não lhe será regateada. Mas não esquecer. A liberdade é respeitada, é a condição da nossa existência. Temos de autorizar a ajuda! Temos de a pedir! Pedir a graça especial, pedir protecção permanente. Deus requer a nossa autorização. Alguns acham excessivo; não entendem que as almas são parte de Deus. Em Deus, as partes são tão importantes quanto o todo. É esse o sentido do Espírito Santo. O Pai é livre e criador. E é assim que quer cada alma: livre e destinada a criar.
Quando defino claramente o meu plano, quem o define? O animal individual ou a alma? Ambos, em simbiose. O indivíduo elabora alternativas. Se tais alternativas forem estáveis, credíveis, e se o indivíduo inibir a manifestação prematura de preferências dando tempo à alma de equilibrar tais alternativas, poderá então operar o livre arbítrio no contexto psicológico da intuição. Propiciar a permanência da alma é indispensável. Um método eficaz de o conseguir é recorrer à escrita. A escrita é morosa. A escrita é invocadora. A escrita faz sentido.
Estando a alma ausente, o indivíduo fica reduzido ao animal, destituído de livre arbítrio. Não haverá nada a fazer pois que o curso das suas atitudes está inexoravelmente determinado. Daí a conveniência de dispor de uma companhia activa. Salvamos-nos uns aos outros. Notar como o cão, pela ligação que estabelece com o dono, parece assumir uma alma própria. Através da atitude do dono, ele percebe que algo de especial se manifesta.
Damo-nos conta de que, durante anos, não afinámos as atitudes, nem perante Deus nem perante nós. A grandeza do Pai inspirou-nos mais receio do que admiração e encantamento. Do louvor a Deus não constava o júbilo por se ser parte dele e instrumento essencial do seu projecto. E, no entanto, é fácil. Quando olhamos a imensidão das estrelas lembramo-nos do poder do Pai; quando reparamos na variedade de árvores, plantas, flores e animais, lembramo-nos da prodigiosa solicitude do Filho, que criou a vida.
A primeira tarefa da alma encarnada é fazer lembrar a existência do Pai através do hábito da oração. Na oração é preciso ter presente a natureza do interlocutor, a sua grandeza e, ao mesmo tempo, a sua proximidade. Agradecer e pedir, sem limite, reconhecer as faltas, sem reserva. A oração não tem de ser litania. A oração tem de ser sentida e fazer sentido. Que seja um diálogo livremente adequado ao momento. Para que seja diálogo, convém aguardar resposta ou, se a não percebemos, considerar como poderá ser. Para que tal operação de intuir a resposta divina fique facilitada, podemos dialogar com uma personalidade mais concreta, um santo ou um familiar falecido. A primeira e mais acessível das santas é Maria, a Mãe de Jesus, Rainha do Céu, porque é parecida com as nossas mães e com a mãe dos nossos filhos. Uma mãe ideal: presente, sofredora, compreensiva.
Caos e ordem
Amor e Justiça
O amor é o exercício da liberdade no sentido da aproximação das almas. O amor dirige as almas, é o sentimento que, naturalmente, as une. Podemos amar as pedras, as plantas e os animais? Em sentido figurado. Dado que são instrumento da vida terrena. Não chamariamos amor mas respeito. Respeito é o desejo de conservar, de não causar dano. O respeito traduz-se, nas relações humanas, por justiça. O respeito é, como vimos, uma condição do exercício do amor mas não o implica.
A justiça é a normalização imperativa da relação entre os indivíduos tendo em vista a preservação da liberdade das pessoas. A liberdade é atributo indispensável ao exercício do amor. Deus não estabeleceu o livre arbítrio para que, depois, circunstâncias materiais viessem a impedir o seu exercício. Que tipo de circunstâncias se podem opor ao livre arbítrio? O crime, que é o prejuízo da pessoa ou da sua propriedade, seja por homicídio, agressão, coerção, roubo ou fraude.
Porque é importante a propriedade? A propriedade é o conjunto de meios e de recursos, a começar pelo próprio corpo, que permitem ao indivíduo exercer a sua liberdade. Sem propriedade a liberdade está coibida.
Qual a diferença entre crime e pecado? O crime pode ser casual ou sistemático. Casual quando cometido por indivíduos. Sistemático quando cometido por um conjunto de indivíduos organizados para o efeito, seja uma máfia independente, seja através da usurpação do poder do Estado. O crime, porque afecta o outro, é mais gravoso do que o pecado, o qual apenas afecta o próprio que o comete.
A Igreja parece tender a tolerar mais facilmente o crime do que o pecado. Talvez porque o crime, sendo agressão, supõe fautores mais atrevidos e perigosos. A Igreja tornou-se medrosa nas coisas práticas. Em 2018, o Catecismo da Igreja Católica foi revisto. Agora, à suposta luz do Evangelho, a pena de morte é ataque à inviolabilidade e dignidade da pessoa, advogando-se que a pena capital deve ser abolida em todo o mundo. O actual Papa até propõe a abolição da prisão perpétua, a qual ele considera uma variação da pena de morte.
Ao colocar o mal na alma do criminoso, fazemos grossa confusão. A alma do criminoso não é má. Está retraída; entre ela e o indivíduo em quem devia estar empenhadamente encarnada há excessiva incompatibilidade. Um cavaleiro incapaz de domar o seu cavalo. O indivíduo que sacudiu a alma age como animal. Indomesticável, apresenta-se como criminoso. Temos, no criminoso, um animal disfarçado de pessoa, um animal perigosamente inteligente, uma encarnação inútil, a figueira estéril que, segundo Jesus, não merece o espaço que ocupa na terra. Jesus perdoa o pecado, não perdoou o crime.
Por tal, é indispensável eliminar a vida criminosa. No plano material, salvaguardamos futuras vítimas, essas sim, eventuais portadoras da preciosa alma. No plano espiritual, a alma será aliviada de uma encarnação penosa e inútil. A antecipação do termo dessa encarnação evitará à alma ser mais profundamente conformada pelo indivíduo criminoso e ter de suportar, em excesso, o incómodo do fogo purificador do purgatório/inferno.
Portanto, quando alguém fala em pessoa a quem se tira a vida, fala mal! Pessoa é o resultado da justaposição de uma alma e de um indivíduo. Na ausência da alma, não há pessoa. No criminoso não age a alma. A alma, parte do Espírito (Santo) de Deus é sempre boa, algo que a Igreja não parece querer aceitar. Se a alma está ausente da vida do criminoso, se recusa tal encarnação, não se lhe está a tirar uma vida uma vez que a abandonou. Está a ser aliviada de um fardo inútil que, de qualquer modo, irá ser consumido no inferno. Elimina-se a vida de quem, com aparência humana, é animal feroz e dissimulado. Tal vida -- melhor, os vestígios da mesma, na alma -- será, de qualquer modo, eliminada definitivamente do outro lado.
Não é possível recuperar quem cometeu crime. Sempre se ouviu dizer que a fera, tendo provado o sangue da presa, lhe toma o gosto. Visão tão simples, que a intuição humana e a experiência do mundo sempre adoptaram. A abolição da pena de morte é marca da irreligiosidade do presente. O criminoso é um humano destituído de consciência moral pois que, à sua consciência racional falta a componente espiritual que lhe serviria de guia.
Não se acuse o Pai Criador de aceitar o mal. O mal, ou seja, o crime, é uma manifestação da natureza material do indivíduo a qual tem de ser evitada por meios materiais. É por isso que a pena de morte é indispensável. Na ausência da alma resta a lei da selva. As almas, até Deus, hão-de sobressaltar-se perante a ausência de justiça. Os que condenam a pena de morte abdicam da justiça e desamparam as almas encarnadas. Poderíamos erguer a divisa: Amor entre as almas, justiça entre os homens!
Caos
Infelizmente, a moral religiosa vulgar envolve incompreensão quer dos contextos da alma quer do Plano Divino. Deprecia o mundo material quando este é instrumento indispensável desse plano ou não existiria. Salienta a mancha de um pecado original, incompatível com a perfeição e bondade divinas, quando o que há é uma incapacidade circunstancial das almas em situar-se e prosperar no mundo animal. Confunde amor e justiça. Ritualiza o sacrifício de Jesus Cristo diminuindo a grandeza do seu significado.
Não resta nada de bom na Igreja? Claro que sim! A Igreja preservou, durante vinte séculos, a ideia da existência de Deus nas suas três pessoas. Um feito notável. Trouxe o povo para dentro do templo e a religião para o meio do povo. Nas religiões mais antigas, o sacerdote oficiava secretamente e o povo aguardava fora do templo. O templo, local de reunião, eis o privilégio dos que receberam Jesus.
A Igreja insistiu na necessidade de comportamentos que nos distingam da animalidade, tomando como modelos a misericórdia divina, o amor de Maria e a heróica entrega de Jesus. Porém, a Igreja mostra-se pouco diligente e inteligente. Abstém-se de exercer a fortaleza e a prudência. Em lugar de proclamar as evidências estrondosas da presença de Deus que a própria ciência lhe oferece, parece querer esconder tal presença insistindo num catecismo fruste e numa teologia paralisada. Renuncia a tecer um novo quadro da espiritualidade, mais articulado e maduro, sugerido pela mediunidade. Sejam as experiências de quase morte bem documentadas, seja a mediunidade espírita, seja a própria revelação particular protagonizada pelos seus santos e videntes.
A facção intemperante da Igreja, essa, mostra-se indiferente à verdadeira espiritualidade a qual continua a animar numerosos crentes e acólitos. Satanás convive no Vaticano. As distracções modernas, a idolatria do escritor e do artista, do Estado, da ciência especulativa, não servem de desculpa. Pelo contrário, deveriam estimular a prédica e a missão. A proliferação de outras confissões mostra uma reacção de que a Igreja Católica tem sido incapaz.
Entretanto, numa sociedade aparentemente mais macia, a confusão ganha terreno. Vejam-se as famílias, onde a liberdade e o amor se excluem mutuamente, o instinto da liberdade conduzindo ao afastamento e a tendência do amor pervertida em posse do outro. O receio e, até, aversão do casamento, quadro da família estável, progridem.
É pior. Nenhuma instituição se opõe, aberta e esclarecidamente, à organização da inteligência animalesca a qual tem promovido as sucessivas e horríveis guerras e organizado outras formas de genocídio ao travar ou distorcer o normal funcionamento da sociedade. Têm a tarefa facilitada pois chegam a todas as casas pela televisão. A propaganda, ao contrário do debate, não admite contraditório. Torna-se possível a subversão escandalosa da ideia e da prática da democracia. Através da ilusão dos partidos políticos, o Estado é entregue à pior gente, à gente deles.
E, no entanto, o propósito deles é evidente: a escravatura para todos. Notem a humilhante dependência de quase todos os Estados de uma dívida pública inexplicável na sua dimensão e crescimento. Por sua vez, veja-se dependência em que as pessoas se encontram do Estado.
Tal organização, que já discutimos atrás, onde não entram pessoas mas apenas indivíduos destituídos de alma, criminosos, segue um percurso automático. Manifesta inexorável indiferença pelo ser humano em geral e desdém pelo divino que ele abriga. A sua filosofia é o trans-humanismo, a inteligência do humano, inspirada pela alma, substituída pela inteligência artificial. Descaracterização da individualidade das pessoas, incluindo, espante-se, o respectivo sexo! Desprezo pela vida humana, manifestada no aborto indulgente e no assassínio de doentes e velhos, pela chamada eutanásia.
Entretanto, a conspiração diabólica, a fim de evitar oposição concertada, não revela a sua identidade e difunde engano sobre engano. A humanidade, privada de referências seguras, distraída, empoleirada em ilusões, encaminha-se para o pior dos destinos: a extinção para a maioria, a escravatura para os poucos sobreviventes. Satanás, o inimigo de Deus, é inteligência sem alma!
Desorientação mental, dissonância cognitiva. O indivíduo, a pessoa, acolhe elementos de conhecimento falsos em si mesmos. Tais elementos nunca poderão ser conjugados em compreensão. Após tentativas reiteradas, o sujeito deixa de poder suportar o desconforto e desiste de fazer sentido. Abdica e acaba por aceitar tais elementos, ainda que desconexos e falsos.
A política é tema complicado e alheio ao que aqui temos tratado? Pelo contrário! Não há tema mais simples e mais importante. Tema simples porque a política, tal como a conhecemos, não é senão o relato do banditismo organizado e sistemático. Tema nosso, pois que a política influencia a vida de todos e a vida é o instrumento da alma.
A vida social normal é de descrição complexa. Envolve o jogo de muitos factores e circunstâncias. No entanto, é simples nos seus princípios gerais. Todas as pessoas honestas procuram viver em liberdade, conhecimento, trabalho e amor, em contextos adequados e estáveis, a sua casa e propriedade, profissão, relações de afinidade, famílias, evitando, através da segurança, da justiça e da ordem, perturbação excessiva ou inesperada das suas vidas.
A táctica dos bandidos também é simples. Tomam conta do Estado, espoliam a gente através de impostos abusivos, dificultam a vida comum por proibições e regulamentos ridículos e viciosos. Depois, apresentam-se como generosos salvadores distribuindo serviços que ninguém quer, outorgam licenças de privilégio para o que deveria ser livremente acessível, dissipam preciosos recursos em obras públicas sumptuárias, em instituições inúteis, em fraudes descomunais. O que começou em escândalo torna-se habitual. O povo, desmoralizado, desiste. Corrompido, agradece. O crime é absoluto: fraude, coerção, roubo, aniquilamento.
Vendo tudo isso numa perspectiva histórica muito geral, julgo que a mentira secular do socialismo, seja qual for o nome que lhe atribuam, apoia-se em três elementos:
– desenraizamento geral induzido pelo ambiente urbano e pela exposição à fraude ideológica ou cognitiva facilitada por media unidireccionais e concertados (televisão, jornais, livros);
– atenuação drástica do consenso cultural, moral e religioso, dando lugar ao desentendimento, à solidão, ao egocentrismo mais infantil, ao oportunismo mais atrevido, à hipocrisia mais descarada;
– ignorância ou menosprezo dos factores indispensáveis ao funcionamento da sociedade, ou seja, propriedade, liberdade da iniciativa, liberdade do mercado, conhecimento técnico especializado, justiça pronta, efectiva e drástica, infraestruturas seguras.
Todo esse desenraizamento, esse irrealismo, não resulta apenas de as pessoas já não terem os pés no chão, em sentido figurado e real. É favorecido pelo próprio Estado, abduzido pela maçonaria, através do monopólio da educação.
Ordem
Que propor para instalar o Reino de Deus na Terra? Propor o óbvio, o que não precisaria de ser proposto. Que as pessoas detenham propriedade, que sejam livres dentro da sua propriedade, protegidas dos concidadãos pela justiça e protegidas dos não abrangidos pela justiça nacional através de uma força militar suficiente. Não parece difícil...
Representação
A dificuldade surge pela grosseira usurpação da representação política. Esta é necessária para obter entendimento e reunir certos recursos. A representação política é legítima desde que fidedigna e eficaz.
A representação é fidedigna se o for de pessoas em pessoas conhecidas. Só na freguesia, podem ser eleitos conhecidos. Se não são conhecidos, devem dar-se a conhecer. Que a sua vida particular, situação financeira, opiniões, convicção religiosa, ideias e projectos, fiquem claros. Os eleitos das freguesias, em reunião do conselho municipal, que constituem, elegem o presidente do concelho. Os presidentes dos concelhos de um distrito escolhem os delegados do distrito. Estes, constituirão a Assembleia Nacional; não mais de quarenta, em Portugal. Imagine-se a emulação entre eleitores, o seu empenho, para que alguém, por si eleito, chegue à representação suprema! A fim de garantir a regularidade dos procedimentos, a Assembleia Nacional pode eleger um presidente.
É evidente que os partidos são o inaudito cancro da democracia. Votar num partido é votar numa máfia. Que os partidos sejam centros de estudo, think tanks, óptimo. Que os candidatos alardeassem as suas preferências, não haveria mal. O que não pode admitir-se é que a representação seja entregue a uma organização e não a uma pessoa.
A representação é eficaz se constituir a única fonte de poder político; o executivo e o judicial serão delegação ou instrumento e não fonte de poder. A apregoada separação de poderes é uma forma ardilosa de complicar o sistema político de modo a usufruir dele através da manobra e da manha.
Governo e corpos especiais
A administração do Estado, o governo, tem de prestar contas, em permanência, à Assembleia Nacional. Não pode decidir ao sabor do capricho, da incompetência, da corrupção. Todas as decisões e contratos acima de certo montante terão de ser aprovados, caso a caso, pela Assembleia Nacional. Os ministros, necessariamente funcionários permanentes da administração do Estado e não amadores comprometidos com negociatas, devem propor-se a si mesmos à Assembleia Nacional, sujeitar-se a um exame e ser aprovados por aquela. O governo há-de ser uma panóplia de ministros fiéis e competentes e não uma corja de amigos.
Haverá, como já há, uma hierarquização formal das responsabilidades de gestão das infraestruturas públicas, distribuída por freguesias, concelhos e nação. Para concretizar cada nível de gestão, as assembleias, de freguesia e municipal, com um presidente executivo eleito pela assembleia, funcionarão segundo o modelo da assembleia nacional.
São corpos especiais: o Tribunal de Contas; o Ministério Público, instrumentos da justiça; as polícias, instrumento do Ministério Público; as Forças Armadas, nesta incluídos os serviços de informação; os Bombeiros, instrumento da segurança quotidiana.
O Procurador Geral da República e o Presidente do Tribunal de Contas são escolhidos pela assembleia nacional.
Atribuições do Estado
As atribuições do Estado são as que não podem ser exercidas pelos particulares, quer por falta de meios ou de interesse quer pela possibilidade de abuso. Sendo assim, pouco sobra para o Estado mas o que sobra, pago pelos impostos, é vital. Que impostos? Os impostos sobre o rendimento ou sobre a propriedade são impostos de escravatura, um roubo, um abuso sistemático. Um único imposto, indirecto, aplicado judiciosamente às transacções envolvendo consumidor final; assim, cada um pagará na medida do que tem e do que compra. O rico pagará na medida em que consome. Se se abstiver do consumo e preferir investir em negócio, não será penalizado.
O Estado tem de tirar as mãos da educação e da saúde. É metade do orçamento do Estado que se esvai. A iniciativa privada cumpriria tais serviços muito melhor e mais dignamente, por muito menos, preservando-se a liberdade (de iniciativa e de escolha). Entretanto, os avultados descontos da segurança social são abusivamente absorvidos no orçamento do Estado. Estes três monopólios colocam o cidadão na posição de absoluto refém do Estado, consumando-se, assim, o proprósito centenário, sinistro e oculto para quem não tem olhos, da maçonaria.
Não contente em ter introduzido um comunismo educacional e sanitário, a máfia ainda se apodera de grandes empresas que nacionaliza a fim de lá meter os seus afilhados. Claro que tais empresas se enterram em ineficácias e prejuizos colossais.
A única medida de solidariedade automática deveria aplicar-se aos pais que têm filhos. Pagando-lhes a educação, sem prejuízo da liberdade de escolha entre escolas realmente diferentes entre si. O nefando ministério da educação é a imagem da pior tirania!
Sugere-se uma educação em duas fases. Primária, talvez até aos doze anos, e profissional, eventualmente até aos dezasseis. Basta de perder tempo e recursos com uma cultura livresca, inútil, eventualmente mentirosa, que apenas cultiva a indiferença e a superficialidade do aluno comum.
Facultar bolsas integrais de estudos secundários ou superiores aos melhores alunos nas diversas áreas de importância industrial, agrária, na saúde, no património. A privatização das universidades é indispensável. De outro modo, continuaremos a sustentar a promoção dos inúteis que engrossarão as hordas da parasitagem.
E a saúde? Um seguro de saúde com cobertura total. A seguradora pode regatear com a clínica, ao contrário do Estado ou do particular. Seguros especiais obrigatórios relativos a eventualidades não dolosas (estrada e trabalho).
Que cada um prepare o dia de amanhã. Infelizmente, os descontos para aposentação, em lugar de capitalizados em contas individuais, são apropriados pelo Estado que, depois, os atribui como bem entende.
E a incapacidade, a indigência, os velhos, tantas situações? Deveriam todos ser amparados dignamente, basta que a assembleia nacional o determine!
Uma remuneração mínima do trabalho deveria ser estabelecida para que o empregador não abuse da eventual necessidade do empregado.
A lei
Se a Lei fosse devidamente simples e clara tudo seria mais fácil e justo. Afinal, a Lei serve apenas para punir o crime, corrigir incumprimentos contratuais, impôr restituições. Em cada caso, requer-se a definição da propriedades e dos seus titulares, do dano e do ofensor, a fim de identificar a falta ou o crime. A polícia e o Ministério Público intermedeiam entre o queixoso e o tribunal. Se for impossível a restituição em crime doloso, pena de morte.
Quando as pessoas são ameaçadas ou perseguidas, dentro ou fora de casa, hão-de ter a quem pedir auxílio imediato e efectivo. Mas os polícias são censurados quando desenvolvem acção eficaz. Por outro lado, nem uma arma de fogo se é autorizado a deter para que, ao menos em casa, nos defendamos do assaltante. Os criminosos são antecipadamente libertados para que reincidam e voltem a aterrorizar as vítimas pretéritas. Onde estará a raiz da indiferença perante o crime? Os juízes foram formatados para atender à ideologia perversa que iliba o criminoso. A pobre vítima há-de conformar-se. Entretanto, o patife de colarinho branco permanece intocável, filiado, com o juiz, na mesma máfia. O criminoso é rei!
Excedentes
Quando parte da população consegue sustentar o todo, o que fará quem não encontra emprego útil? Já não se constroem pirâmides. Se ocorresse uma limpeza do Estado, aumentaria o número de desempregados.
Essa é uma questão central. Haverá sempre alguém desempregado por algum tempo. Como não vamos deixar ninguém morrer à fome, sugere-se isto: o Estado possui uma propriedade imensa em arruamentos e estradas, florestas, cursos de água, edificações; talvez que, sob o enquadramento das Forças Armadas -- ou nestas dignamente integrados -- ou das juntas de freguesia, os desempregados pudessem limpar e vigiar florestas, desimpedir pequenos cursos de água, recuperar aldeias para si, como novos colonizadores do próprio país, respaldados pelo Estado.
Por outro lado, os idosos e doentes requerem cuidados constantes, os sem abrigo são uma mácula moral.
Quem instalará o Reino de Deus na Terra? Deus, se lhe pedirmos!
Essa é a dificuldade. Pois são poucos os que pedem, os que sabem que a acção humana, sem a assistência divina, nada consegue. E menos ainda os que pedem na perspectiva da vida eterna.
(Topo)