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Acerca do Plano Divino
Milagres
A Providência Divina
Hiroshima
Padre Pio de Pietrelcina
Srinivasa Ramanujan
Espiritismos
Edgar Cayce
Swedenborg
Experiências de quase morte, EQMs
A Providência Divina
A ideia de que o mundo material está entregue a si próprio, de que a Intervenção Divina, gratificante ou milagrosa, seria excepção e excepção rara é absolutamente enganosa.
O deísmo defende que Deus criou o mundo material e, desde então, absteve-se de nele intervir. Vimos que interveio para criar a vida e, depois, para criar diferentes espécies vegetais e animais. Deus não voltou as costas à sua criação. Está presente. É a visão teísta.
O deísmo acredita que, no início, todas as possibilidades foram propiciadas, estavam já previstas, incluídas, nas leis físicas e na distribuição da matéria e da energia presente no Big Bang ou noutro qualquer processo iniciador do universo material. No entanto, isso seria dizer que o ADN se constitui em obediência às leis da Química. Mas tal não sucede. Entre as bases nitrogenadas que o constituem não há interacção química. Nem poderia haver pois tal limitaria o conteúdo puramente informacional que caracteriza a enorme molécula. Assim, há que admitir que a intervenção divina no mundo material não se encerra no primeiro acto criador. Deus veio a criar a vida na Terra. E é de suspeitar que a sua intervenção seja indispensável ao seu decurso, como veremos mais tarde. Assim, vence o teísmo contra o deísmo.
Atente-se no livre arbítrio. Por intermédio das almas o Espírito (Santo) de Deus intervêm, constantemente, no mundo material.
A Providência Divina age em permanência e no mais ínfimo detalhe. Ainda que a desesperança, o sentimento de que Deus abandonou os seus filhos a uma sorte indiferente, seja quase geral, não é assim. Alguma perspicácia permitirá, a cada um de nós, perceber, a posteriori das vicissitudes pessoais, que Deus não dorme nem nos volta as costas.
É indispensável levar em conta o chamado “poder da oração” a fim de abrir a possibilidade da generosa intervenção do Pai. Sobretudo quando, na presente encruzilhada da História, a oração é dos poucos meios que restam a fim de derrotar a inteligência diabólica que porfia em eliminar da Terra o Homem, essa criatura que o Criador investiu da mesma dignidade que é a Sua ao distribuir-lhe a alma.
Se o Pai sabe o que nos faz falta, como afirmou Jesus, não é superfluo o acto de pedir isto ou aquilo? Parece que sim mas este parecer é ignorar um dado essencial. O Pai Criador conferiu às suas criaturas, até às mais humildes, as almas, a mesma propriedade que o distingue: a capacidade criativa, a liberdade plena, a vontade, o livre-arbítrio. Fomos criados à imagem e semelhança do Pai. O Criador não poderia ter feito menos porque é sublime. Ao que não é livre, ao que não é vivo, às coisas, conferiu Ele a morte, a inércia. Assim, o Pai requer que O autorizemos a agir como for da nossa vontade. Claro que, perante a vontade de cada um de nós, vontade tantas vezes imprevidente ou hesitante, Ele não anula a Sua própria vontade, sempre segura e de alcance pleno.
A expressão “poder da oração” pode enganar. Realmente, não é a oração que tem em si poder, como se fosse um acto de magia, como se iniciasse um processo misterioso de índole parapsicológica. O que tem poder é o Pai, omnipotente. Quem dispõe o poder do Pai é O Filho. Quem intercede por cada um de nós, evitando o sofrimento, é A Mãe do Céu. O poder, esse, vem pelo Espírito Santo.
Tão pouco se deve imaginar a oração como um interruptor, um comando, que, automaticamente, suscita a Graça e o Milagre. Ou como uma força, a qual, à custa de acumulação e insistência, “força” a Providência ou a Misericórdia. A oração é um pedido e uma declaração.
Para que o pedido seja identificado como tal pelas instâncias do Espírito, há-de ser enunciado sob uma atitude de desamparo perante o mundo e de abandono ao Poder de Deus. Ambos plenos. É preciso perceber que, sem a acquiescência Divina, sem a correspondente intervenção do Divino no plano material NADA acontece, NADA rompe o cru automatismo do mundo físico, a estrutura rígida da eternidade material. O livre arbítrio da alma decide o trajecto individual; porém, quem dispõe as circunstâncias, quem segue à frente e abre caminho é o Poder de Deus, distribuído segundo uma sabedoria providencial que ultrapassa o nosso entendimento antecipado. Se o pedido não for um apelo fundo, se for mais parecido com uma vã tentativa de aliciamento, só por condescendência a Misericórdia Divina responderá.
A oração é, também, uma declaração, uma demonstração de interesse, de empenho genuíno no que se pretende. Se hoje peço pelos meus filhos e amanhã me esqueço deles, a oração não passa de um acto trivial sem alcance significativo. A oração repetida demonstra convicção, tanto do que se pretende como da realidade da intervenção permanente e decisiva de Deus no destino de cada um. A oração declara tanto a coragem e a determinação pessoal, como a fé na omnipotência activa do Pai, na omnisciência do Filho e na amável solicitude da Mãe.
Jesus Cristo ensinou:
Quando rezares, vai para o teu quarto e, fechando a porta, ora ao Pai, em segredo. O teu Pai, que vê o que se esconde, recompensar-te-á. Quando orares, não tagareles como os pagãos, convencidos de que, na verborreia deles, serão escutados. O vosso Pai sabe aquilo de que precisais antes de vós O instardes.
Rezai, então, assim:
“Pai nosso que estás nos céus, seja santificado o Teu nome. Venha o Teu reino, faça-se a Tua vontade, assim como no céu também assim na Terra. Dá-nos hoje o nosso pão de amanhã. Perdoa-nos as nossas dívidas para contigo, tal como nós perdoamos aos nossos devedo-res. Não nos leves para sermos postos à prova mas livra-nos do que é iníquo.”
A convicção é o atributo essencial da oração. Convicção que se manifesta na repetição e, ainda mais, no sacrifício pessoal: “se necessário fazei que o mal (daquele por quem peço) recaia, antes, sobre mim.” A aceitação do sofrimento é garantia de confiança plena na Vontade Divina.
Veremos, em tópico ulterior, como é possível e natural que cada entidade espiritual possa atender a milhões de orações emitidas no mesmo instante cronológico.
O único problema com os milagres não é o da sua possibilidade mas o da dificuldade em dar testemunho. Será que houve mesmo milagre? Se houve, deverei comunicá-lo, correndo o risco de ser ridicularizado pelos descrentes ou tomado como pretencioso pelos crentes?
Quanto aos descrentes, a conveniência em dar testemunho, explícito, afirmativo, corajoso, é evidente, suscita a conversão. Quanto aos crentes será conveniente não referir a fonte do pedido para que não julguém que o suplicante se considera moralmente excepcional. Bastará referir e justificar que houve milagre...
Mesmo o crente costuma considerar que o milagre é excepcional. É necessário convencê-lo de que o milagre é permanente e geral. Basta que se pergunte como ultrapassou perigos e dificuldades, como foi possível encontrar-se aqui e agora, nesta existência, e herdeiro, talvez, de uma infinda cadeia de existências ancestrais bem sucedidas.
A vida biológica é a evidência de um milagre primordial que organizou detalhadamente a matéria para que surgisse essa prodigiosa molécula de ADN -- necessária à configuração, propriedades e reprodução de todos os seres vivos -- e a célula que a abriga e justifica. Pode dizer-se que nós somos o resultado de um milagre e a sua manifestação permanente.
Como admirar-se, então, com as curas ditas espontâneas? Tanto curas do corpo como curas da mente. Quantas vidas não se transformaram porque o vivente se assumiu como criatura de Deus abdicando de uma decepcionante suficiência e acolhendo-se à protecção superior?
Os milagres excepcionais não são assim tão excepcionais. “Pedi e ser-vos-à dado.” O livro Miracles et Autres Prodiges do Padre François Brune (Club France Loisirs, 2000) faculta uma narrativa apaixonante tendo como pano de fundo o Movimento de Renovação Carismática. Renovação, isto é, retorno a Jesus Cristo, é a palavra-chave.
Poderíamos distinguir na Providência Divina dois propósitos, embora conjugados. A realização do Plano Divino e, havendo a possibilidade, a diminuição do sofrimento físico e moral ao longo da curta vida terrena que tal Plano necessariamente implica; é a Misericórdia Divina.
O espírito divino, Espírito Santo, Espírito de Deus, inclui, discuti-lo-emos depois, inúmeras entidades hierarquizadas das quais as almas são as entidades mais elementares. Santos desencarnados são entidades intermédias e anjos, na sua infinda diversidade, entidades espituais superiores. Maria e Jesus são as entidades supremas. Certa visão cristã separa tais entidades do Espírito Santo apesar de, no Evangelho de João, em passagem que atrás citámos, Jesus ter sido bem claro, na última prédica que dedica aos apóstolos, sublinhando a unidade de todos no Espírito Santo.
Fácil é aceitar que Jesus, Mestre e Senhor, administra o Plano Divino, prepara os caminhos e indica os trajectos, enquanto Maria, absolutamente ciente desse Plano, cuida para que o caminhar se efectue sem desnecessários percalços. Porque Maria está ciente do Plano, ainda que não o elabore, tudo o que pede não lhe é recusado. Ela é o expoente da Graça, a maravilha do Céu, o encanto de Deus. Há-de ser, pois, a Maria que se pede, na aflição, e a Jesus que se pede, na acção.
Claro que todas as entidades do Espírito (Santo) de Deus são envolvidas no exercício da Providência Divina, a começar nas almas, seja na vertente da Misericórdia, seja na vertente da organização das circunstâncias que determinam a evolução da Eternidade. Daí que seja legítimo pedir, também aos santos, ao anjo da guarda. Tais pedidos não se esgotam nestas entidades mas ecoam por todo o lado, no Espírito (Santo) de Deus.
Hiroshima
O único uso da arma nuclear em tempo de guerra ocorreu a 6 de Agosto de 1945, em Hiroshima, no Japão, e a 13 de Agosto, em Nagasaki, perpetrado pela máfia satânica que dirige os Estados Unidos. O ataque a Hiroshima matou cerca de 80.000 pessoas, instantaneamente, e cerca de 130.000 pouco depois, por efeito da radiação. Quatro jesuítas, Hugo Lassalle, Hubert Schiffer, Wilhelm Kleinsorge e Hubert Cieslik estavam dentro da Igreja de Nossa Senhora da Assunção, perto do hipocentro da explosão. Não só sobreviveram à explosão como a radiação, que matou dezenas de milhar nos meses seguintes, não teve efeito algum sobre eles. A igreja, ao contrário dos edifícios circundantes, manteve-se de pé.
É como se Deus pretendesse enviar um poderoso sinal de como o seu poder é arbitrário e de como está disposto a defender os seus filhos fiéis.
A Igreja de Nossa Senhora da Assunção permaneceu de pé
na explosão nuclear em Hiroshima.
Padre Pio de Pietrelcina
O santo mais clamorosos do século XX é, indiscutivelmente, o Padre Pio de Pietrelcina, pela quantidade e atributos dos milagres por seu intermédio praticados e perfeitamente documentados. A Igreja Católica instituída alarma-se e duvida. A santidade desperta invejas e despeitos. O milagre irrompe sem pedir licença, sem intermediários ciosos de obter comissão num “negócio” que Deus estabelece directamente com os seus filhos.
Não fosse a imensa devoção popular despertada pela gratidão das graças recebidas, o Padre Pio teria passado despercebido, semi-enclausurado no convento dos capuchinhos de San Giovanni Rotondo. Se fundou uma obra assistencial grandiosa, a Casa di Sollievo della Sofferenza, foi com donativos que choveram de todo o mundo; o Padre Pio, curava à distância e continua a curar, já falecido.
Como refere o autor citado abaixo, “o sobrenatural é uma área onde religião e razão tateiam e tropeçam de maneira perigosa.”
O sobrenatural é a região de transição entre o material e o espiritual. Compreender o sobrenatural obrigaria a conhecer melhor ambos os mundos que o suportam. Sobejamente conhecido e suficientemente comprovado, o sobrenatural permanece misterioso. O fenómeno não obedece, ou obedece imperfeitamente, à vontade do operador se vontade há; é gratuito e imediato, isto é, não parece depender de um processo difícil ou prolongado como acontece na contemplação mística, na proeza técnica, na interacção comum através da palavra ou da acção física.
A realidade do sobrenatural, situado na fronteira de dois mundos, sofre um duplo ataque. Os naturalistas repontam que, dado tempo, tudo o que se houver de explicar, para além da fraude, a ciência elucidará. Espiritualistas -- religiões e outras escolas -- repontam que são mistérios cuja elucidação é impossível, inútil, importuna, até condenável.
Clarividência, ver atravé do espaço; premonição, ver através do tempo, no futuro; telepatia, partilhar o pensamento; telecinésia, mover objectos à distância; levitação, elevar o próprio corpo contrariando a gravitação; bilocação, manifestar-se em dois ou mais locais, no mesmo instante; interpenetração, atravessar obstáculos sem dano; incorporar ou fazer surgir uma forma, um odor, um corpo astral, um perispírito. Eis as principais modalidades do sobrenatural algumas das quais terão sido experimentadas já pelo leitor atento.
Caso o mesmo efeito possa ser observado por muitos, atribui-se-lhe natureza física; o que não é o mesmo que deduzir-lhe causa física. O fenómeno OVNI parece de natureza física, embora anómala, mas poderá ter causa sobrenatural. Aparições divinas, vozes interiores ou outros sinais apenas acessíveis a um ou uns sem que os restantes presentes o percebam, são efeitos do foro mental mas extra-sensorial.
Que dizer da bilocação? Vejamos um episódio ocorrido no ano da morte de Padre Pio:
Quando, em Julho de 1968, o padre Onorato Marcucci lhe anunciou a sua intenção de fazer uma peregrinação a Lourdes, o Padre Pio respondeu que tinha estado lá várias vezes. O Padre Marcucci, espantado, observou-lhe que nunca o tinha visto sair das paredes do mosteiro. O Padre Pio retrucou:
“Não vamos a Lourdes apenas de comboio ou de carro; também vamos lá por outros caminhos.” Era uma alusão óbvia ao seu dom da bilocação, conhecido dos seus irmãos. O Padre Pio já havia dado uma descrição detalhada do Santuário de Lourdes ao Padre Rosário Aliminusa.
Messadié, Gerard. Padre Pio ou les Prodiges du Mysticisme. Presses du Châtelet, 2008
O milagre é um fenómeno sobrenatural porque a natureza não o explica. Destaca-se, no entanto, pela sua utilidade, intencionalidade e subtileza. De facto, a cura é precedida de um pedido e exige o empenho do operador; a cura, transição entre um estado de doença e o estado normal, obriga a detalhada alteração de um sistema complexo como o é o corpo humano. Estamos claramente no âmbito da divina engenharia.
A narrativa dos comprovados milagres operados por intermédio do Padre Pio, curas, bilocações, premonições, encheria centenas de páginas. Apenas referimos três ou quatro, por serem típicos.
Rosetta Polo Riva:
Desde os doze anos de idade, tenho uma forma muito grave de endocardite. Sentia muitas dores. Não havia nada que os médicos pudessem fazer para me aliviar. Um dia, uma amigoa visitou-me; começou a chorar quando verificou a minha condição.
Já tentaste escrever ao Padre Pio? -- perguntou.
Padre Pio? O que queres que ele faça por mim? -- respondi.
Ela disse-me que escreveria uma carta para Pietrelcina pedindo uma bênção especial para mim. Duas semanas depois, uma noite, um facto extraordinário aconteceu. A janela do meu quarto estava aberta e eu estava sentada na minha cama.
Pela janela entrou uma pequena nuvem branca. Fiquei com medo e escondi a minha cabeça debaixo do travesseiro. Tentei gritar para pedir ajuda mas perdi o fôlego. Ouvi uma voz:
-- Não tens de ter medo. -- Quem é você? -- perguntei.
-- Sou o Padre Pio, Rosetta. Em vez de te escrever uma carta, vim aqui em pessoa. Estás contente?
-- Sim, Padre. Estou muito feliz ! Abençoe-me.
-- Digo-te Rosetta, receberás a graça da Virgem da Guarda.
-- Quando, Padre? -- Respondeu: -- a 28 de Agosto às 20h00.
Então, a pequena nuvem branca desapareceu. Chorei de alegria. Não sei porquê, não contei a ninguém o que aconteceu comigo. Veio o 28 de Agosto. Nessa manhã, mal acordada, senti-me bem. Duas semanas mais tarde, fiquei completamente curada.
Messadié, Gerard. Obra citada.
Padre Pio.
O milagre que serviu para a beatificação do Padre Pio beneficiou Consiglia De Martino, com 42 anos, de Salerno. Em Outubro de 1995, sentiu como como que um rasgo interno e logo começou a sentir uma sensação de opressão no pescoço e no tórax. Na manhã seguinte, acordou com uma tumefação do tamanho de uma laranja, no pescoço. A tomografia revelou um vazamento de líquido linfático, com cerca de dois litros de líquido estagnado em várias partes do corpo. Terminado o exame, a senhora foi transportada para o quarto:
“Naquele momento, senti um intenso perfume de flores. Já em anos anteriores, algumas vezes eu havia sentido o mesmo perfume quando rezava ao padre Pio. Poderia, agora, ser o perfume da enfermeira que estava ao meu lado. Na realidade, fui acompanhada pela mesma enfermeira para o exame seguinte e nela não havia nenhum perfume como o que eu sentira antes.”
Poucos dias depois, enquanto dormitava, a senhora sentiu “uma sensação agradável, como se alguém estivesse costurando à altura da minha clavícula esquerda. Atribuí a sensação de bem-estar à intercessão do Padre Pio, a quem eu tinha dirigido as minhas invocações.” Enquanto isso, o inchaço no pescoço desapareceu totalmente. Exames ao abdómen e ao tórax documentaram a inexplicável ausência de líquido linfático e a paciente recebeu alta hospitalar, completamente curada. A rápida absorção dos dois litros de líquido foi considerada, pelos médicos, cientificamente inexplicável.
Gaeta, Saverio. Padre Pio -- O Mistério do Deus Próximo. Paulus
Uma das manifestações da presença espiritual do Padre Pio é sentir-se um odor floral muito agradável. Fenómeno sobrenatural comum mas que, no caso do Padre Pio atinge intensidade e frequência invulgares.
Para a canonização do Padre Pio, celebrada em 16 de Junho de 2002, foi escolhida a cura milagrosa de Matteo Pio Colella, de sete anos, internado com urgência na Casa Alívio do Sofrimento, em Janeiro de 2000, devido a meningite fulminante, considerado pelos médicos, na manhã do dia seguinte, sem esperanças. Devido à deterioração das funções vitais, com o simultâneo comprometimento de nove órgãos (sendo que a literatura clínica considera irrecuperáveis os pacientes com seis órgãos comprometidos) o diretor clínico decidiu desistir das tentativas de reanimação.
Entretanto, foi organizada uma corrente de oração a fim de solicitar a intercessão do Padre Pio. Nessa noite, durante a vigília que reuniu a mãe e alguns frades na cela do falecido estigmatizado, aberta de propósito, as condições do menino começaram a mostrar rápidos sinais de melhora surpreendendo os médicos, os quais, poucas horas antes, haviam emitido o infausto prognóstico.
Ao acordar do coma, Matteo contou que havia visto o frade ao lado da sua cama, com a sua barba branca e a túnica longa e castanha. Este diz-lhe: “Não te preocupes, daqui a pouco estarás bom!” O menino sentiu que Padre Pio o tomou pela mão e o transportou, em voo, a Roma, a um hospital onde, sobre uma maca, havia “um menino rígido, com os olhos azuis esverdeados e os cabelos negros,” também ele curado pela intercessão do capuchinho.
Poucos dias depois, os exames clínicos constataram que os dramáticos eventos, incluindo uma prolongada parada cardíaca e um edema pulmonar agudo, não tinham deixado nenhuma lesão -- cerebral, cardíaca, respiratória ou renal -- ao pequeno.
Gaeta, Saverio. Obra citada.
Só uma vez o Padre Pio solicitou a ajuda da Mãe de Jesus para os seus continuados, intensos e múltiplos sofrimentos físicos. Foi por ocasião da passagem da imagem da Senhora de Fátima por San Giovanni Rotondo, onde se situa o convento onde o Padre Pio vivia e a Casa di Sollievo della Sofferenza, fundada por ele e onde, de momento, se encontrava internado. Nas suas palavras:
“Eu estava apoiado no peitoril da janela do coro, enquanto o helicóptero (que transportava a imagem) girava no ar, antes de partir. Num ímpeto de fé, exclamei com lágrimas nos olhos: ‘Mãe bela, ides embora e deixais-me aqui sozinho e doente!” Subitamente, senti correr por todo o meu corpo como que uma corrente elétrica e um novo vigor me invadiu. Senti-me curado! Mais com o choro do que com os lábios, exclamei: “Obrigado, ó Maria!” Desde então, estive bem. Se a isso não se quiser chamar milagre, chame-se o que se quiser, mas eu, a partir daquele momento, senti-me curado!.” Desde o dia seguinte, o Padre Pio voltou a celebrar missa como se nada tivesse acontecido.
Gaeta, Saverio. Obra citada.
A santidade parece atrair as forças demoníacas. Talvez o conceito de que o mal seja apenas a ausência do bem, que atrás defendemos, tenha de ser revisto...
Desde os primeiros anos de vida, o corpo do pequeno Francisco (o futuro Padre Pio) foi um campo de batalha sobre o qual anjos e demónios se enfrentavam numa luta sem exclusão de golpes... Junto à consolação das aparições angélicas, o capuchinho foi perseguido desde a infância por opressões diabólicas. À filha espiritual, Cleonice Morcaldi, revelou: -- Lembro-me que muitos monstros rodeavam o meu berço para me assustar e eu gritava.
Toda a sua futura existência viria a ser uma contínua luta contra o demónio... A sua alma compreendeu que “a entrada na religião, para dedicar-se ao serviço do Monarca Celeste, implicava expor-se à luta com aquele misterioso homem do inferno” e que “embora os demónios assistissem aos seus combates, para rir das suas derrotas, por outro lado, não havia que temer porque aos combates estariam assistindo, também, os seus anjos a fim de aplaudir as derrotas de Satanás.”
Segundo o relato da sua sobrinha, Pia Forgione, mesmo depois da partida de Francisco (para o seminário) aconteciam factos estranhos na sua casa de Pietrelcina (lugar de onde era natural o Padre Pio) com ruídos inexplicáveis ou fragmentação improvisa de objetos. Os seus familiares temiam ser arrasados por causa de todos aqueles danos: “Então, meu pai procurou o meu tio e contou-lhe o que acontecia na casa da família. O Padre Pio, ao saber, respondeu: -- Vê-se que aquele maligno ainda está lá. Chamem um padre e peçam que abençoe a casa. -- Assim foi feito e voltou a tranquilidade!”
Gaeta, Saverio. Obra citada.
O milagre tem por objecto a cura ou o conhecimento. A matemática é um domínio que a mente humana, habitualmente, encara com aversão. Um mundo abstracto quando o humano se habituou ao concreto das coisas. Entre a matemática e as coisas está a ciência.
Que dizer do “maior” matemático de todos os tempos? Srinivasa Ramanujan nasceu em 1887 na remota India, em Erode, Madras, numa família humilde. Autodidacta, foi estudando ao sabor de livros que obtinha por empréstimo. Aos 16 anos obteve de um amigo a cópia do livro Synopsis of Elementary Results in Pure and Applied Mathematics, uma coleção de cinco mil teoremas, livro que estudou com afinco. Não tendo aproveitamento suficiente noutras disciplinas curriculares, não conseguiu obter o diploma universitário. De emprego em emprego, passou fome, esteve doente. Aos 25 anos, enviou uma carta ao grande matemático inglês, Godfrey Hardy incluindo a demonstração de mais de uma centena de teoremas. Este, ao contrário de outros colegas que não apreenderam o mérito do génio, imediatamente o convidou para Inglaterra e, porfiadamente, tudo organizou para a sua vinda. Por lá esteve, como professor no Trinity College, regressando à Índia para morrer de tuberculose, aos 32 anos. As descobertas de Ramanujan continuam a alimentar a Matemática actual.
Ramanujan
Hindu, profundamente religioso, Ramanujan creditou as suas capacidades matemáticas à divindade; afirmou que o conhecimento matemático que exibiu lhe foi revelado pela deusa familiar Namagiri Thayar. Afirmou: -- Para mim, uma equação não tem significado a menos que expresse um pensamento de Deus.
Espiritismos
Edgar Cayce
Homem religioso mas não acólito de qualquer congregação, entrando em estado hipnótico, Edgar Cayce respondia, com apreciável grau ou percentagem de acerto, sobre como tratar a doença deste ou daquele ou sobre o que iria ou não iria suceder aqui ou acolá, neste ou noutro tempo. A entidade espiritual que o assistia também discorreu sobre temas da filosofia do Espírito.
Cayce, americano, nascido em 1877, terá sido, pois, um medium de conhecimento. Enquanto as curas inexplicáveis ocorrem por intervenção de uma entidade influente do Espírito (Santo) de Deus, as proezas cognitivas de Cayce envolvem entidades certamente menores. Enquanto um milagre, ocorrendo, é completo, os “milagres cognitivos” do medium nem sempre acertam.
Edgar Cayce.
Era sob hipnose que elaborava as respostas às questões colocadas pelo coordenador da sessão, na presença do interessado, doente ou investigador. Uma estenógrafa registava as suas palavras (Cayce faleceu em 1945, antes da disposição para venda do magnetofone, inventado na Alemanha e aí começado a fabricar, pela AEG, em 1943). Um médico acompanhava as consultas quando estas envolviam problemas de saúde do interessado.
Ao acordar do transe, Cayce não tinha ideia do que a entidade ciente lhe tinha feito dizer. Não há dúvida de que as comunicações eram, de uma forma geral, acertadas e bem sucedidas ou não teria conseguido reunir suporte financeiro, por parte dos interessados beneficiados, para criar um instituto próprio.
Como poderia eu, que não sou médico, nunca tendo estudado nem mesmo fisiologia ou qualquer das outras coisas conhecidas na cura das doenças humanas, dizer o que ajudaria alguém? Eu não sabia e nem sei agora. Mas alguém pode me dizer como a agulha do fonógrafo retira a música do disco ou como o rádio capta as mensagens do ar? Mas faz, sob certas condições. Altere essas condições e você terá apenas arranhões, apenas ruído. Nada definido, nada certo.
Cayce, Edgar. My Life as a Seer.
Quando criança, Cayce gostava de estar só. Tinha amigos de brincadeira que os outros, ouvindo-o falar com eles, diziam que não existiam.
A faculdade mediúnica de Cayce terá sido herdada do seu avô:
Em inúmeras ocasiões vi o meu avô fazer algumas coisas muito incomuns que, percebi depois, as pessoas atribuem à acção de espíritos desencarnados. Eu ouvia pessoas pedir-lhe para estar presente em certas reuniões cujo propósito eu não conhecia. Também o vi mover mesas e outros artigos, aparentemente sem nenhum contacto com esses objetos. Nessas ocasiões, ele dizia: "Eu não sei qual é o poder, mas não é para se brincar com isto."
Cayce, Edgar. Obra citada.
Dois exemplos de comunicações cujo teor nos pareceu mais interessante:
O que é feito ou pensado torna-se um registo vivo, seja em que esfera da consciência esta atividade possa estar... O propósito da experiência de cada alma na materialidade é que o livro da memória possa ser aberto para que a alma conheça a sua relação com o Criador... Condições, pensamentos, atividades dos homens são coisas. Mesmo os pensamentos são coisas. Deixam a sua impressão sobre o novelo de tempo e do espaço, tornam-se como que registos que podem ser lidos por aqueles que estão de acordo ou sintonizados com tal condição.
Todos nós temos um guia, vivo ou morto. Alguns são guiados por mortos e alguns por espíritos vivos. O guia deste homem é sua mãe.
Swedenborg
É impraticável, aqui, uma digressão pelo campo do espiritismo, a arte da comunicação com os espíritos ou almas de mortos e de vivos. Tal arte é antiga e, hoje, conta com milhares de mediuns activos. Mas não podemos passar em claro Emanuel Swedenborg, a destacada personagem do século XVIII que reivindicou um contacto frequente e sistemático com entidades espirituais.
Emanuel Swedenborg.
Swedenborg distinguia o mundo espiritual, o mundo da Vida -- alimentado por um sol de luz e calor -- e o mundo material, um mundo morto, sustentado por um sol de fogo. Utilizando metáforas, a exposição de Swedenborg é clarificadora:
Existem dois mundos, o mundo espiritual -- onde estão os espíritos e os anjos -- e o mundo natural, onde estão os homens. O mundo espiritual existiu e subsiste do seu próprio sol, e o mundo natural do seu próprio sol. O sol do mundo espiritual é puro amor de Deus, o qual está no meio dele. Desse sol procede o calor e a luz; o calor que dele procede é, em sua essência, amor, e a luz é, em sua essência, sabedoria.
Tanto aquele calor quanto aquela luz fluem para o homem. O calor para a sua vontade, onde produz o bem do amor, e a luz para o seu entendimento, onde produz a verdade da sabedoria. Esses dois - calor e luz, ou amor e sabedoria - fluem conjuntamente de Deus para a alma do homem.
O sol do mundo natural é puro fogo e, por meio desse sol, o mundo da natureza veio a existir e subsiste. Portanto, tudo o que procede deste sol, considerado em si mesmo, está morto. O espiritual reveste-se do natural, como o homem se reveste de uma vestimenta. As coisas espirituais assim revestidas permitem-lhe viver como um homem racional e moral, portanto, um homem espiritualmente natural.
Swedenborg, Emanuel. Interaction of Soul and Body. 1769. Swedenborg Foundation, 2009.
Experiências de quase morte, EQMs
O que acontece quando uma pessoa morre? A pesquisa, tão séria quanto impressionante, do fenómeno da sobrevivência da consciência à morte física explodiu por todo o mundo desde que Raymond Moody publicou o seu estudo envolvendo mais de uma centena de indivíduos que experimentaram a morte clínica e reviveram. Os relatos são espantosamente semelhantes, ainda que diversos em detalhes particulares. Fornecem uma prova factual incontestável da sobrevivência do espírito humano, confirmando o que sempre se foi admitindo: Existe vida depois da morte!
Dormir é uma experiência positiva, desejável no curso da vida porque se desperta depois. Uma repousante noite de sono faz com que as horas seguintes, em que estamos despertos, se tornem mais agradáveis e produtivas. Se não fosse seguido pelo despertar, nenhum dos efeitos benéficos do sono seria possível. Da mesma forma, a aniquilação, pela morte, de toda experiência consciente implica não só a obliteração das memórias desagradáveis, mas, também, a das memórias agradáveis. Assim, esta analogia não pode dar-nos algum consolo ou esperança ao encarar a morte.
A noção de que se passa para outro reino da existência depois da morte física é das mais veneráveis entre as crenças humanas. Há um cemitério na Turquia que foi usado pelos homens de Neandertal há, aproximadamente, cem mil anos. Lá, impressões fossilizadas permitiram aos arqueólogos descobrir que enterravam os seus mortos em ataúdes de flores, indicando, talvez, que viam a morte como a ocasião de uma celebração. Túmulos encontrados por todo o lado em escavações muito primitivas dão testemunhos da crença na sobrevivência humana depois da morte.
Moody Raymond. Vida Depois da Vida. Edição em Português: Nórdica. 1979.
As narrativas de EQMs contêm duas partes: separação do corpo e vivências noutro plano. Sair de si, situar-se acima do corpo, ver e ouvir o entorno com maior acuidade e de um ponto de vista elevado, perceber que não pode comunicar com os presentes, sentimento alterado do tempo:
Havia muito movimento, gente correndo ao redor da ambulância. E, sempre que eu olhava para uma pessoa e imaginava o que ela estava pensando, era como o focalizar de uma lente zoom e lá estava. Mas parecia que uma parte de mim tinha ficado onde eu estava, metros acima do meu corpo. Quando eu queria ver alguém à distância, parte de mim, como uma espécie de radar, ia até aquela pessoa. Parecia que eu poderia participar, in loco, de qualquer coisa.
Moody Raymond. Obra citada.
Depois, como que tendo passado, realmente, para outro plano, é o diálogo telepático com entidades que nos recebem e tranquilizam, familiares ou desconhecidos.
Enquanto eu estava morto, naquele vácuo, falava com pessoas. Não posso dizer que estivesse falando com gente corporal. No entanto, tinha a sensação de que havia gente em volta de mim; podia sentir a sua presença e que se estavam a mover, embora não pudesse ver ninguém. Sempre que tentava imaginar o que estava acontecendo, vinha até mim o pensamento de uma delas -- que tudo estava bem, que eu estava morrendo mas iria ficar bom. Por isso, a minha condição nunca me preocupou. Vinha sempre uma resposta para cada pergunta que eu formulava. Não deixavam que a minha mente ficasse vazia.
Moody Raymond. Obra citada.
Boa parte das testemunhas percebe que se trata de um lugar intermédio entre a vida e a morte. Alguns vislumbram um portão e sentem que, se o atravessarem, não terão regresso. Há uma luz intensa mas suave, os cenários, as cores, são vívidos e encantadores, um ser especial, amoroso, faz de guia e conselheiro:
No começo, quando veio a luz, eu não sabia bem o que estava a acontecer, mas aí ela perguntou se eu estava pronto para morrer. Não havia pessoa alguma. Era a luz que estava falando, mas só uma voz. Agora, acho que a voz que estava falando comigo sabia mesmo que eu não ia morrer, ela estava mais me testando do que qualquer outra coisa. Mas, no momento em que a luz falou comigo, senti-me realmente bem, segura e amada. O amor que vinha dela é inimaginável, indescritível. Era uma pessoa agradável para ter junto de nós! E tinha também senso de humor, se tinha!
Moody Raymond. Obra citada.
Todos os que viveram EQMs declaram que preferiam permanecer naquele plano, que o mundo que deixavam perdera toda a importância. Só quando lhes vinha a ideia de que algo ficara por concluir, que havia alguém que deles dependia, se resolviam a querer regressar.
Já deixámos nota do excelente canal do You Tube, Afinal o Que Somos Nós. Este canal já reuniu quase duas centenas de relatos em primeira mão, em entrevistas conduzidas com inteligência e sensibilidade.
Os relatos de EQMs não passaram para o papel com Moody. Entre os precursores:
Ernesto Bozzano. A Crise da Morte. Original de 1930. Luz Espírita, 2014.
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