principal@eternalismo-cristao.com
Acerca do Plano Divino
Satanás em Pessoa
A presença de Satanás
Satanás no evangelho
Exorcisar é preciso
O que é Satanás?
A presença de Satanás
Satanás no evangelho
Os evangelhos referem demónios. Os demónios são servos de Satanás, uma legião.
Jesus e os evangelistas distinguem claramente entre exorcismos e curas. Duas funções diferentes objecto de ritos específicos. Para curar, Jesus impõe as mãos. Ao exorcisar, Jesus ordena, pergunta o nome ao demónio e expulsa-o... O exemplo de Jesus convida os exorcistas actuais a comandar imperiosamente, evitando conversas vãs.
Laurentin, René. Le Démon, Mithe ou Réalité. Arthème Fayard, 1995.
A existência do Demónio -- Satanás -- é atestada ao longo da cristandade. Age, ou tenta agir, através da possessão dos mais frágeis, pelo engano e pela tentação, mesmo dos mais santos, até, de Jesus.
O demónio sabe armadilhar através da atracção da glória (material) do ter, do poder, como da carne. Mas as suas tentações, levadas ao paroxismo, quebram-se ao contacto do Senhor. Tudo parece inverosímil mas semelhantes inverosimilhanças produzem-se na vida dos santos, até ao nosso século.
No evangelho de João é dito que, após rejeitadas liminarmente as tentações que exerceu sobre Jesus “esgotadas todas as tentações, o diabo retirou-se até a um momento mais favorável.” Mobiliza, depois, os adversários e desmobiliza os discípulos de Jesus. A própria família de Jesus o quer afastar do seu magistério, vendo aí loucura. Os gerasianos, que Jesus libertou do temível forçado, pedem-lhe que se afaste. Os fariseus acusam Jesus de estar ao serviço de Belzebu.
A tentação vai até ao fim. Pedro, a quem Jesus diz: -- Tu és Pedro e sobre esta pedra, construirei a minha igreja, -- tenta demover Jesus da Paixão. Ao que Jesus responde: -- Para trás, Satanás, pois que és escândalo!
Satanás sabe como tentar esse homem impulsivo, Pedro está pronto a dar a vida por Jesus (resistindo à prisão Deste) e nega-O no dia seguinte.
A Igreja avisa: “Permanecei sóbrios e vigilantes porque o vosso adversário, o diabo, ronda como um leão que ruge, à procura de quem devorar. Resistam-lhe, firmes na fé.”
A oração fundamental, ao Pai, ensinada por Jesus, termina: “ não nos deixeis cair em tentação mais livrai-nos do maligno (e não, do mal).
“Regressarei à casa de onde saí.” Eis o sinistro propósito de demónio. Incrusta-se e resiste no plano terreno já que a vitória no Espírito lhe está vedada.
Ibidem
Recorde-se o possesso de Gerasa, em Lucas:
Enquanto Jesus desembarcava em terra, um homem da cidade que tinha vários demónios veio ao seu encontro. Havia muito tempo que não vestia roupa, nem morava em casa, mas nos túmulos. Ao ver Jesus, prostrou-se diante dele, gritando em alta voz: -- Que queres comigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Eu te peço, não me atormentes. -- Pois Jesus estava ordenando ao espírito impuro que saísse daquele homem. Muitas vezes o espírito o tinha dominado. Para protegê-lo, amarravam-no com correntes e grilhões. Ele, porém, arrebentava as correntes, e o demônio o levava para lugares desertos.
O testemunho dos exorcistas, tanto como a grande conspiração que sempre se opôs à humanidade, confirmam o que perpassa nos evangelhos: a presença de entidades demoníacas que atacam pessoas e a de uma inteligência satânica, mais abrangente, mais poderosa, que ataca as sociedades humanas. O demónio procurou até aliciar Jesus, o seu invencível inimigo, oferecendo-lhe todos os reinos da Terra.
Segundo o Padre Gabriele Amorth,
os demónios são, portanto, hierarquicamente dependentes e obedecem a uma estrita hierarquia, tal como ocorre em todas as máfias e bandos de malfeitores, guiada pelo medo e pela opressão, e não pelo amor, como ocorre com os anjos.
Os poderes dos demónios são todos aqueles que se adequarem ao desenvolvimento de seu encargo, o qual consiste em tentar o homem para o mal, separando-o de Deus, contrariando, desse modo, os Seus planos.
Amorth, Gabriele. Vade Retro Satanás. Editora Canção Nova. São Paulo. 2013
Exorcisar é preciso
O exorcismo dá nota da presença mundana, ineludível, de Satanás. A reparação do tecido espiritual vs. material exige intervenção superior que deve ser invocada repetida e energicamente. Um grande exorcista, o Padre Gabriele Amorth, introduz-nos magistralmente ao tema da sua presença e manifestação:
A possessão é o distúrbio mais grave que o Demónio pode produzir. Quando ocorre esse mal diabólico, tem-se quase a impressão de que o Demónio está dentro do ser humano, apoderando-se dele a ponto de servir-se de sua boca para falar (mesmo sendo o Demónio quem fala, e não a pessoa), ou de seus membros, ocorrendo, então, aqueles fenómenos extraordinários, quase teatrais, que ocupam o imaginário das pessoas comuns e pouco informadas.
Ibidem
Menos espectacular mas insidiosa, a obsessão
ocorre quando uma pessoa é acometida por pensamentos obsessivos invencíveis dos quais não consegue, absolutamente, libertar-se nem desviar-se, os quais a levam sempre mais ao desespero e, nos casos extremos, ao suicídio.
Ibidem
Os distúrbios físicos atingem o corpo,
aquelas dores físicas imediatas, não devidas à saúde, que o Demónio pode provocar, principalmente em pessoas santas, e que o Senhor permite para a sua santificação. Há exemplos: o Santo Cura d’Ars, que foi várias vezes espancado pelo diabo e lançado para fora do leito; o Padre Pio, no qual, em dada ocasião, foi preciso dar pontos no arco da sobrancelha, pois o Demónio o havia arremessado leito abaixo, batendo com a cabeça no pavimento.
Ibidem
Noutros casos, Satanás não arremete directamente contra a pessoa mas prejudica-lhe gravemente as circunstâncias de vida:
Conheço muitos casos de pessoas que são feridas nos afetos: não encontram mulher ou marido, rompem casamentos e noivados sem qualquer razão; ou ainda, pessoas golpeadas em seus bens: por exemplo, industriais que, de repente, cometem erros descomunais, de tal porte que caem na miséria, ou que, sem motivo, ficam na rua, assim como muitos casos de comerciantes e artesãos, cujos estabelecimentos muitíssimo bem encaminhados não são mais visitados por ninguém; o mesmo se dá também com distúrbios físicos.
Observe-se que, esses, são factos que poderiam depender simplesmente de motivos naturais, mas que deverão (dada a sua extensão e coincidência) ser imputados a motivos maléficos. Aqui está, portanto, a importância do exorcista no saber diferenciar, mediante certos sinais, os casos em que tais distúrbios possuem uma origem maléfica e aqueles que são, ao invés, somente naturais.
Ibidem
O assolamento
é outro termo que utilizo, reservando-o, exclusivamente, às casas, aos objetos e aos animais... É muito comum que os exorcistas sejam chamados a exorcizar casas nas quais se ouvem rumores estranhos, ou onde ocorrem outros fenómenos que não se podem explicar humanamente.
Ibidem
A sexta forma de distúrbio é a dependência demoníaca,
a qual se concretiza quando uma pessoa assume o assim chamado pacto de sangue com Satanás, ou seja, submete-se com vontade plena, com plena adesão, às dependências de Satanás, tornando-se sua escrava, quiçá para obter em troca favores ou sucessos humanos.
Ibidem
Segundo Amorth, três sinais de eventual possessão são a capacidade de falar línguas desconhecidas, o conhecimento de coisas ocultas e uma força sobre-humana. Mas outros sinais podem indicar a acção maléfica. Não é possivel distinguir o que é e o que não é do foro meramente psiquiátrico sem realizar o exorcismo pois que é durante este que tais sinais mais claramente se manifestam e evoluem.
Tanto Amorth como Laurentin, atrás referido, lamentam que tantos sacerdotes, e dos mais graduados, neguem a oportunidade dos exorcismos. Lembram que, mesmo psiquiatras ateus, perante a incapacidade de sanarem as perturbações que se lhes deparam nos seus clientes, os têm recomendado para exorcismo, encarado como último e, eventualmente, definitivo recurso.
Amorth lembra que o poder de exorcizar em nome de Jesus está ao alcance de qualquer leigo que Nele creia ainda que a capacidade do exorcista devidamente nomeado pelo respectivo bispo constitua garantia contra a charlatinice, sempre atrevida.
Descreve o quadro geral da situação, em que a guarda foi baixada perante a arremetida satânica.
Não obstante estas sólidas origens, na Igreja Católica, e exclusivamente na Igreja Católica, desde há três séculos que os exorcismos foram quase abandonados. Até três séculos atrás, havia no mundo católico muitos exorcistas, não porque houvesse mais endemoniados do que hoje, mas sim por via da função predominante de escuta e segurança das pessoas que o exorcista desenvolve desde sempre. Naquele período histórico, ocorreu, porém, o fenómeno da caça às bruxas, ou seja, deixou-se de exorcizar as pessoas que apareciam endemoinhadas e começou-se a mandá-las para a fogueira. Aquela época de loucura, afortunadamente, não durou muito; todavia, como reação a esta exasperação, veio a fazer-se desaparecer e esquecer qualquer tipo de remédio para este género de situações, deixou-se, pois, de fazer exorcismos e, frequentemente, também de crer na existência do Demónio.
Além disso, o denso peso da cultura do mundo leigo racionalista dos séculos subsequentes, exercendo muita influência também no âmbito eclesiástico, levou a obra a termo, reforçando a tendência geral acima descrita. Tudo isso conduziu historicamente, a uma carência hodierna de exorcistas, que é apenas o sintoma mais evidente de uma geral e grave falta de preparação de quase todo o clero católico com relação ao Demónio e às maneiras com as quais impugnar a sua obra de desagregação extraordinária. Todavia, embora a situação esteja ainda longe do estado desejável, posso testemunhar, a partir do início de minha atividade, certa melhoria das coisas, como prova o fato de que, nos inícios dos anos oitenta, monsenhor Balducci dizia existirem, na Itália uma vintena de exorcistas, ao passo que hoje são mais de trezentos.
ibidem
É evidente que as caças a bruxas, identificando a vítima com o carrasco, foi obra e obra prolongada do demónio cuja ofensiva decisiva se acentuou no século XVI pela mão de diversos protestantismos.
Para quem pretende aperceber-se da potência e diversidade da manifestação satânica, recomenda-se o interessante e agradável livro, relato de extensa entrevista ao grande exorcista Padre Amorth:
Amorth, Gabriele & Tosatti, Marco. Memórias de um Exorcista. Asa, Alfragide. 2010.
O que é Satanás?
Mais fácil é descrever a intenção diabólica do que esclarecer a sua causa e mecanismo. O conceito de que Satanás é um anjo decaído surge no chamado Antigo Testamento. Os evangelhos fazem eco da sua existência mas sem referir a sua origem.
De onde saem os demónios cujo chefe é Satanás? Este é o anjo decaído, Lúcifer. É a opinião geral. Porém, a natureza do decaímento oferece dúvidas. Ou foi castigo divino, por pecado de orgulho, ou foi decaímento voluntário, por pecado de luxúria -- o desejo das filhas do homem; ou terão ocorrido dois episódios. A questão não é irrelevante. Se foi a luxúria, então os demónios encarnaram e a sua maldita descendência está entre nós, explicando a conspiração satânica que iremos referir em próximo capítulo.
... originalmente, dois relatos separados da queda dos anjos eram conhecidos: o da rebelião do arcanjo contra a autoridade de Deus e sua subsequente queda através do orgulho, no qual foi seguido por uma multidão de anjos menores, biblicamente chamados de Nephilim (os “caídos”). E outro relato, registado fielmente no Livro de Enoque, a queda posterior dos anjos chamados Vigilantes, através da luxúria excessiva pelas filhas dos homens.
Segundo a autora citada, a omissão dos livros de Enoch, anteriores ao Génesis bíblico, terá sido deliberada a fim de esconder a conspiração e omitir a verdadeira razão porque Deus veio à Terra na pessoa do seu Filho, Jesus Cristo. A salvação é um aviso!
Aos conspiradores se dirige Jesus, sem ambiguidade:
Vós sois do vosso pai, o diabo, e fareis as concupiscências do vosso pai. Ele foi um assassino desde o início, não morou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele fala uma mentira, ele fala por si mesmo: pois ele é um mentiroso, e o pai da mentira... Aquele que é de Deus ouve as palavras de Deus: vós, portanto, não as ouvis, porque não sois de Deus. (João 8: 38-44, 47)
Ibidem
Um anjo que, em lugar de acatar o plano divino o qual deveria servir, se propôs um plano próprio, como se fora ele o senhor do Céu e da Terra. O orgulho, desenganado, dá lugar ao despeito, à inveja, ao desejo de vingança contra o próprio Criador, consumado em sabotagem do único plano exequível e do qual deliberadamente se dissocia. Satanás é um ser desiquilibrado. Incapaz de se reerguer e redimir, consome-se numa actividade furiosamente destrutiva.
O frágil humano, instrumento de Deus, é o seu alvo preferido. Encara-o com impiedoso desdém, ao peão, ele que se julga protagonista primeiro. Enquanto não consegue destruir a humanidade, reduzi-la a rebanho cego e destituído de vontade, Satanás envia os seus demónios para que desmoralizem cada pessoa incapacitando o seu livre-arbítrio, isto é, o exercício da alma. Satanás não tem amigos, tem escravos. Aviltado, sob a condição animal, dissolvido pelo vício, o indivíduo deixa de servir a Deus através da sua alma.
Satanás tem o seu terreno de acção na Terra, isso é certo. Mas considerar que é um anjo decaído parece significar que se aceita um erro divino: o que o Pai criou teria defraudado a Sua expectativa. A não ser que a revolta de Satanás seja um percalço previsto pelo Criador, um episódio indispensável no contexto do Seu Plano. O Pai não se engana. Nem Satanás nem o humano são melhores ou piores do que Ele previu que fossem.
O Plano Divino prossegue, inexorável e harmonioso. Nele não há sobressaltos, contratempos ou artifícios. Deus não institui nada de supérfluo. É a incompreensão do Plano Divino que permite a introdução de complicações ou incongruências teológicas.
Para evitar o mistério, seja o do anjo decaído seja o de uma complicação misteriosa do Plano Divino, muitos teólogos tendem a negar a personificação do mal. Ainda que o mal seja a ausência do bem, o infortúnio natural que a misericórdia divina ainda não quis corrigir, a experiência do exorcismo não permite descartar uma espécie de mal deliberado, um mal para o mal. Negar Satanás é abrir-lhe a porta, imprevidentemente.
A questão da personalização do mal abre a disputa sobre a relação funcional entre o Espírito (Santo) de Deus e o mundo material. O Pai é a disposição criadora, o Filho é manifestação do Pai, presença falante e actuante no plano físico. Mas, e o Espírito Santo, o Espírito? Não há acordo! Faltam os factos, os testemunhos, o conhecimento.
Santa Teresa de Ávila lembra-nos que Deus se encontra no âmago de cada alma. O Espírito Santo é Deus na diversidade do seu pensamento enquanto o Pai é Deus na unidade da sua vontade. O Filho é, evidentemente, o executor do Plano. Não apenas na Terra:
Tenho outras ovelhas que não são deste redil. Também a essas eu tenho de conduzir; escutarão a minha voz e serão mais um rebanho com um pastor.
Está aqui toda a teologia. Se o mundo físico parece destacar-se da unidade espiritual é porque constitui instrumento, ainda que indispensável, do Plano Divino. E nós, mentes pensantes, só vemos o instrumento e não a mão que o conduz.
O Espírito Santo é constituído por todas as entidades que protagonizam o pensamento de Deus. Não se veja o pensamento de Deus como análogo do nosso pensamento, tão impotente como transitório. O pensamento de Deus é permanência potente, substancial. Anjos em cima, almas em baixo, são objectivações do pensamento divino e, portanto, elementos do Espírito (Santo) de Deus.
Em que consistiria o Plano Divino? Em que essas entidades adquiram individualidade, personalidade, querer próprio, e que, à imagem do Criador, a que pertencem, se tornem criativas, verdadeiramente livres, sem que o amor que as une seja diminuído. Jesus dá-nos uma belíssima imagem do Projecto Divino e da sua morosidade:
– Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas aqueles que te são enviados. Quantas vezes eu quis juntar os teus filhos, como a ave junta a sua ninhada debaixo das asas, e tu não quiseste!
Enquanto encarnadas, as almas adquirem a forma das pessoas onde encarnam. Sendo assim, os indivíduos, ainda que selvagens, crus, cruéis e prevaricadores, têm acesso, embora provisório, ao mundo espiritual. Ora, se a acção terrena é sujeita a enormes vicissitudes, a acção por meios espirituais é muito mais eficaz: vence o espaço e o tempo, prescinde do detalhe do encadeamento de causas e efeitos materiais, bastam-lhe as intenções. Portanto, a inteligência satânica ou demoníaca almeja invadir o espaço sagrado do Espírito e nele mover-se livremente.
No entanto, no Espírito impera a lei da liberdade que se opõe à coacção, a lei do amor que se opõe à agressão, a lei do saber que se opõe à cegueira do curto prazo. De modo que é vã a pertinácia demoníaca.
No entanto, o mundo espiritual, sendo preenchido por personalidades em harmonia, é, também, um meio de comunicação. De modo que o mal, protagonizado por tais e tais indivíduos acolhidos nas almas que neles encarnaram, pode prolongar o seu concluio terreno através do mundo espiritual.
Em conclusão, Satanás poderá não ser um anjo decaído mas, pelo contrário, uma inteligência terrena que se introduz no plano espiritual para, a partir daí, redobrar a sua eficácia na condução dos negócios deste mundo. Satanás é, pois, uma influência transitória, eternamente condenada ao fracasso, um jacto de água pútrida dirigida ao alto para logo regressar ao pântano de onde saiu. Desde que os demónios, pela morte física de quem os acolhe, ficam privados da continuidade do seu querer, são relegados para o aterro onde a sua deformidade é processada a fim de que se recupere, intacto, o património espiritual que prostituiram.
Perde assim relevância a controvérsia milenar suscitada pela aceitação ou rejeição dos livros de Enoch.
Deus permite a operação satânica para que as almas sejam desafiadas, para que abandonem a ingenuidade original que as torna presa fácil do engano, para que sejam sacudidas no seu âmago e se livrem da poeira das irrelevâncias. Satanás, menos que do que uma doença, é um epifenómeno, um sintoma de incompletude.
Sendo um atalho, um subterfúgio fácil, entre espírito e matéria, uma conjugação espúria que pretende colocar o espírito eterno ao serviço da matéria provisória, Satanás opera contra a corrente, incansável, sem se dar conta de que, também ele, é inexoravelmente arrastado para o juízo das almas.
(Topo)